Proporção de autistas sobe para 1 a cada 31 crianças nos Estados Unidos, aponta CDC
Dados de 2022 indicam aumento no diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista entre crianças de 8 anos; especialistas destacam maior conscientização e avanços na identificação precoce
Um novo relatório divulgado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), nesta terça-feira (15), revelou um aumento significativo na prevalência do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) entre crianças americanas. De acordo com os dados referentes ao ano de 2022, 1 a cada 31 crianças de 8 anos foi identificada como autista, o que representa uma taxa de 32,2 diagnósticos para cada 1.000 crianças.
O número marca mais um avanço na curva ascendente observada ao longo das últimas décadas. Em 2000, a proporção era de 1 para cada 150 crianças. O índice passou para 1 em 88 em 2008, 1 em 59 em 2014, 1 em 44 em 2018 e, mais recentemente, 1 em 36 em 2020.
Além da alta geral na prevalência, o estudo também revelou disparidades importantes entre grupos populacionais. Os meninos continuam sendo diagnosticados com muito mais frequência do que as meninas — uma proporção de 3,4 para 1. Também foi observada uma menor prevalência entre crianças brancas em comparação com crianças de outros grupos étnicos. Outro dado que chama a atenção é que cerca de 39,5% das crianças diagnosticadas foram classificadas como tendo alguma deficiência intelectual associada.
Embora o estudo seja baseado em dados dos Estados Unidos, ele pode servir como um alerta global. Especialistas apontam que o aumento de diagnósticos não necessariamente reflete um crescimento real no número de pessoas com autismo, mas sim avanços nas práticas de avaliação, maior conscientização social e aprimoramento nas ferramentas de diagnóstico.
“A explicação para este aumento certamente se deve a uma maior conscientização, mudanças nas práticas de diagnóstico e melhores estudos de prevalência”, explica a neurocirurgiã pediátrica e pós-graduada em psiquiatria infantil, Larissa de Sousa.
Já a neuropsicopedagoga Pollyana Fiorotti destaca a importância da discussão no contexto brasileiro. “Embora os dados sejam dos EUA, padrões semelhantes podem ser observados em outros países, inclusive no Brasil. Falar sobre isso é muito importante para garantir diagnóstico precoce e apoio adequado, especialmente neste mês dedicado à conscientização do Autismo”, reforça.
Com base na nova taxa de prevalência dos Estados Unidos, uma projeção proporcional aplicada à população brasileira (estimada em 212,6 milhões, segundo o IBGE) indicaria cerca de 6,9 milhões de pessoas no espectro autista no país.
Conscientização e diagnóstico precoce
Abril é o mês mundial da conscientização do autismo. A divulgação desses novos dados reforça a necessidade de políticas públicas voltadas para o diagnóstico precoce, inclusão educacional e acesso a tratamentos multidisciplinares que respeitem as individualidades de cada pessoa no espectro.
A tendência de aumento nas taxas de diagnóstico deve continuar nos próximos anos, segundo os especialistas, impulsionada não apenas por fatores sociais e científicos, mas também pelo fortalecimento de redes de apoio e pela ampliação do debate público sobre neurodiversidade.