Quilombola de Monte Alegre, localizada em Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Espírito Santo, será o palco de uma celebração emocionante neste sábado (22/03), às 19 horas. A população local se reunirá para o lançamento gratuito do curta-metragem Laurinda, que homenageia a quilombola Maria Laurinda Adão, uma das mais antigas mestras do Caxambu Santa Cruz.
Com 81 anos, Maria Laurinda Adão tem uma trajetória de vida marcada pelo protagonismo, resistência e dedicação à sua comunidade. Nascida em um contexto de dificuldades, ela cresceu em meio a uma infância marcada pela necessidade de trabalhar para sustentar a casa, após o adoecimento de seu pai. Aprendeu os saberes das antigas parteiras com sua avó e dedicou sua vida a ajudar mães no parto, além de atuar como coveira no cemitério local.
Laurinda também herdou dos pais a prática da benzeção e a abertura de sua casa de santo à comunidade. Seu envolvimento com a cultura ancestral, especialmente nas rodas de Caxambu, e sua atuação em movimentos sociais, em especial na luta das mulheres camponesas, ampliaram seu horizonte, levando-a a diversos lugares para compartilhar suas experiências de vida.
O documentário Laurinda, com direção de Beatriz Lindenberg e fotografia de Gustavo Louzada, retrata a vida e a sabedoria dessa mestra quilombola. A obra captura relatos de sua trajetória, incluindo seu trabalho como parteira e coveira, sua relação com a terra e com a fé, sua visão sobre o ciclo da vida e até mesmo a experiência transformadora de sua viagem à África. A narrativa também destaca sua volta à sala de aula, revelando um profundo respeito pela educação e a preservação da memória ancestral.
Após o lançamento presencial no sábado para a comunidade, o Instituto Marlin Azul disponibilizará o curta-metragem online no domingo (23/03) para o público em geral. A partir dessa data, os interessados poderão acessar o filme através do site do Instituto Marlin Azul (https://institutomarlinazul.org.br/cinequilombola/).
Além de Laurinda, o público também poderá conferir online o documentário Ninguém Canta Igual Eu Canto, que foi produzido durante a primeira edição do Cine Quilombola, também realizado na Comunidade Quilombola de Monte Alegre.
A produção do curta foi viabilizada pelo edital nº 14/2022 de Seleção de Projetos de Produção Audiovisual no Espírito Santo (Finalização da Produção de Obras Cinematográficas), com apoio do Funcultura e da Secretaria da Cultura do Governo do Estado do Espírito Santo (Secult-ES). A realização do projeto contou ainda com a parceria da Coordenação Estadual Quilombola do ES Zacimba Gaba, da Confederação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e da Comunidade Quilombola de Monte Alegre.