Campanha chama atenção para os riscos das doenças do sangue e a importância do diagnóstico precoce
Palidez, cansaço, febre, aumento de gânglios, infecções persistentes ou recorrentes, hematomas, sangramentos inexplicáveis, aumento do baço e do fígado. Esses são alguns dos sintomas que podem indicar o diagnóstico de leucemia. A campanha Junho Laranja alerta sobre a importância do diagnóstico precoce e os riscos das doenças do sangue, especialmente a leucemia.
Ao contrário do que muitos pensam, anemia não pode se transformar em leucemia, é o que afirma o hematologista da Oncoclínicas Espírito Santo – unidade Neon, Marcos Daniel de Deus Santos. “Na maior parte das vezes, o que pode acontecer é que a causa da anemia não é investigada adequadamente. É comum primeiro identificar a anemia e, somente depois de realizados outros exames, chegar ao diagnóstico de leucemia. Isso faz parecer que uma doença causou a outra quando, na verdade, a anemia é apenas um sintoma da leucemia”, ressalta o médico.
Com mais de 10 mil casos por ano no Brasil, a leucemia é conhecida por ser um dos cânceres mais graves, sendo que o subtipo leucemia linfoblástica é a mais frequente no público infantojuvenil. “Esse tipo de câncer se inicia nas células-tronco da medula óssea. A medula óssea fica na cavidade dos ossos e é o local onde são produzidas as células sanguíneas. Nela são encontradas as células que dão origem aos glóbulos brancos (leucócitos), aos glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos) e às plaquetas”, conta o hematologista.
“Em alguns casos a leucemia tem cura, principalmente quando o diagnóstico é feito de forma precoce e o tratamento é iniciado rapidamente. Porém, as chances de cura dependem também do tipo de leucemia e histórico de saúde do paciente, sendo maior principalmente em pessoas mais jovens”, afirma Marcos Daniel.
O hematologista também reforça que os tumores de sangue, ou seja, as leucemias, são doenças que carregam muito peso emocional e é um diagnóstico que afeta toda a família. “É de suma importância que os pacientes levem todas as dúvidas e anseios para a equipe multidisciplinar responsável e comprometida com o tratamento, já que ela tem preparo para lidar com as situações extremas e graves, tornando o ônus destes diagnósticos menos difíceis de serem encarados”, diz.
Fatores de risco
Entre os fatores que aumentam o risco de desenvolvimento de leucemia estão o tabagismo, a exposição ao benzeno (substância encontrada na gasolina e largamente usada na indústria química), à radiação ionizante (raios X e raios gama) da radioterapia, a alguns medicamentos de quimioterapia, ao formaldeído e a agrotóxicos. Ser portador de síndrome de Down, síndrome mielodisplásica e outras desordens sanguíneas também eleva o risco de surgimento da doença.
Tipos de leucemia
A leucemia é classificada de acordo com dois critérios. Um deles é a velocidade de sua progressão, podendo ser aguda (progride rapidamente e produz células que não estão maduras e não conseguem executar suas funções) ou crônica (progride lentamente e mantém um número maior de células maduras que conseguem realizar algumas das funções normais). O outro é o tipo de célula do sangue/glóbulo branco que está doente: mieloide ou linfoide.
Existem subtipos definidos por análises biológicas e genéticas. Combinando os critérios de classificação, são quatro os tipos mais comuns:
Leucemia linfoide crônica (LLC): afeta células linfoides e se desenvolve de forma lenta. A maioria das pessoas com LLC tem mais de 65 anos. É uma doença adquirida, e não hereditária;
Leucemia mieloide crônica (LMC): afeta células mieloides e se desenvolve vagarosamente, a princípio. Acomete principalmente adultos. Pode causar anemia, fadiga, infecções, sangramentos e outros problemas colaterais, mas alguns pacientes são totalmente assintomáticos;
Leucemia linfoide aguda (LLA): afeta células linfoides imaturas e agrava-se de maneira rápida. é o tipo mais comum em crianças de seis aos 11 anos, mas também ocorre em adultos;
Leucemia mieloide aguda (LMA): afeta células mieloides e se desenvolve rapidamente. Ocorre tanto em adultos quanto em crianças, mas a incidência aumenta à medida que as pessoas envelhecem.
Tratamento para leucemia
O tratamento depende principalmente do tipo de leucemia identificado e histórico de saúde da pessoa, podendo ser feito com:
- Quimioterapia
- Imunoterapia
- Terapia-alvo
- Radioterapia
- Transplante de medula óssea
- Terapias Celulares como o CAR-T