Na recente Reunião Científica Anual da Universidade Americana de Alergia, Asma e Imunologia (ACAAI), realizada em Boston, especialistas alertaram sobre os riscos à saúde respiratória associados à queima de incenso. A conferência destacou o caso de um paciente de 87 anos, com histórico de asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), que, mesmo após recomendações médicas para interromper o uso do incenso, hesitou em abandonar a prática devido a seu significado cultural e espiritual.
A pneumologista Jessica Polese, especialista em Medicina do Sono, enfatizou os perigos da poluição interna. “Um estudo de 2015 da Fundação Britânica do Pulmão já indicava que a fumaça do incenso pode ser mais tóxica do que a do cigarro e está relacionada ao desenvolvimento de câncer”, alertou a médica.
A queima de incenso libera uma série de partículas prejudiciais que, ao serem inaladas, podem se acumular nos pulmões, provocando reações inflamatórias. Um novo estudo revelou que os vapores do incenso contêm substâncias nocivas, incluindo carbono, enxofre, óxidos de nitrogênio e formaldeído, além de compostos voláteis aromáticos policíclicos, muitos dos quais são conhecidos por seu potencial cancerígeno.
Polese sugere alternativas mais seguras, como o uso de difusores, que podem oferecer uma opção menos prejudicial para quem busca um ambiente aromático. “É fundamental ter atenção especial a grupos vulneráveis, como crianças e idosos, que são mais suscetíveis aos efeitos nocivos da fumaça”, afirmou.
Diante desses dados, fica evidente que a prática tradicional de queimar incenso, embora rica em significados culturais, pode representar um sério risco à saúde, exigindo uma reavaliação de suas utilizações em ambientes fechados.