Maior competição científica do país reúne mais de 18 milhões de estudantes em todo o Brasil; desempenho pode abrir portas para oportunidades acadêmicas e bolsas de estudo
No dia 3 de junho, milhões de alunos brasileiros têm um encontro marcado com a matemática. Nesta data será realizada a primeira fase da 20ª edição da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), promovida pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). A competição, considerada a maior do gênero na América Latina, envolve estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio de instituições públicas e privadas de todo o país.
Além de ser uma disputa que testa conhecimentos e estimula o raciocínio lógico, a OBMEP representa uma porta de entrada para oportunidades educacionais transformadoras. É o que destaca Mateus Velten, coordenador pedagógico do Instituto Ponte, organização capixaba sem fins lucrativos que atua na formação de jovens talentos da rede pública. “A OBMEP é muito mais do que uma prova. Medalhistas podem ser convidados para participar de programas como o PIC (Programa de Iniciação Científica Júnior), com bolsas financiadas pelo CNPq, além de se destacarem em processos seletivos de escolas técnicas, universidades, colégios militares e iniciativas como o próprio Instituto Ponte”, explica.
Exemplo disso é Ester Firmino Alves, de apenas 13 anos. Natural do Espírito Santo, a estudante já conquistou duas medalhas de ouro consecutivas na OBMEP e viu sua vida mudar após o reconhecimento. “Comecei assistindo a vídeos sobre técnicas de estudo e praticando com provas anteriores. A primeira fase não é difícil se a gente estuda com constância. O mais complicado é que só os 5% melhores de cada escola passam para a próxima etapa”, conta.
Por causa de seu desempenho, Ester conseguiu uma bolsa integral em uma escola particular e foi aprovada no Instituto Ponte. “Graças ao PIC, pude comprar um tablet que uso para estudar. Também participei da cerimônia nacional de premiação no ano passado e já estou confirmada para este ano. Tudo isso começou com a OBMEP”, afirma.
Para quem vai encarar a primeira fase neste ano, a dica de especialistas é clara: treino e persistência. “A melhor forma de se preparar é resolvendo provas anteriores. A OBMEP não cobra apenas conhecimento, mas exige raciocínio lógico, criatividade e interpretação”, recomenda Mateus Velten. Ele também destaca que a matemática desenvolve habilidades essenciais como organização, foco, argumentação e capacidade de resolver problemas — competências úteis em qualquer carreira.
A prova do dia 3 de junho será composta por 20 questões objetivas. Os estudantes com melhor desempenho seguem para a segunda fase, marcada para 25 de outubro, que terá formato discursivo com seis questões. Os vencedores serão anunciados em 22 de dezembro.
Organização parceira de talentos como Ester, o Instituto Ponte atua desde 2014 com a missão de promover a ascensão social por meio da educação. A ONG seleciona estudantes de alto desempenho da rede pública com renda familiar de até 1,5 salário mínimo per capita, e oferece formação acadêmica completa, com bolsas de estudo, suporte pedagógico e psicológico, aulas de inglês e preparação para o Ensino Superior.
Hoje, são 360 alunos de 12 estados, com a meta de atingir 650 beneficiários até 2029. Reconhecido seis vezes como uma das 100 melhores ONGs do Brasil, o Instituto é financiado por doações e parcerias privadas, e representa uma prova viva de que a educação é capaz de mudar destinos.