A produção industrial do Espírito Santo cresceu 14,2% em setembro deste ano na comparação com o mesmo mês de 2022, superando a média nacional (0,6%). O bom desempenho capixaba foi impulsionado, principalmente, pela indústria extrativa com a produção de petróleo e gás natural e de pelotas de minério de ferro.
A indústria extrativa está em alta neste ano. Em setembro, se comparado como o mesmo período do ano passado, expandiu sua produção em 21,4%. Já a indústria da transformação, voltou a ter resultado positivo, crescendo 2,2%.
Os dados foram compilados pelo Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e fazem parte da pesquisa de Produção Industrial Mensal (PIM-PF) do IBGE, divulgada na quarta-feira (08/11).
A presidente da Findes, Cris Samorini, destaca o crescimento expressivo na produção de petróleo (23,9%) e de gás natural (33,3%) em setembro:
“Estamos acompanhando ao longo deste ano os bons resultados da indústria de petróleo e gás capixaba. Tivemos a retomada do FPSO Cidade de Anchieta, que aumentou a produção em mar. Além disso, o Plano de Desinvestimento da Petrobras e os estímulos regulatórios da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, contribuíram para a diversificação de empresas atuantes no Espírito Santo, o que também resultou na recuperação da produção”, explica.
A indústria de transformação do Estado também performou bem e avançou 2,2% em relação a setembro de 2022. Esse foi o primeiro resultado positivo do setor após 13 meses de quedas consecutivas nessa análise interanual.
O crescimento da indústria de transformação foi impulsionado pelos avanços em três das quatro atividades pesquisadas: fabricação de celulose, papel e produtos de papel (14,9%), metalurgia (8%) e fabricação de produtos alimentícios (3%). Já fabricação de produtos de minerais não-metálicos recuou 12,4%.
A indústria capixaba cresceu 7,6%, no acumulado de janeiro a setembro deste ano, comparado com o mesmo período de 2022. O saldo é resultado do crescimento da indústria extrativa (17,3%) e da retração da indústria de transformação (-6,9%). Com esse resultado, a indústria geral do Espírito Santo teve o segundo maior crescimento no país, atrás apenas do Rio Grande do Norte (17,1%).
Segundo a gerente executiva do Observatório da Indústria e economista-chefe da Findes, Marília Silva, a produção de pelotas de minério de ferro contribuiu para o bom desempenho da indústria extrativa capixaba.
“A atividade de pelotização cresceu ao longo deste ano devido aos aumentos de produção das duas empresas atuantes no Estado: a Vale S.A., que totalizou 13,7 milhões de toneladas de pelotas de minério de ferro até setembro, patamar 23,9% superior ao registrado no mesmo período de 2022; e a Samarco, na parte que compete à BHP (50%), que produziu 3,5 milhões de toneladas no ano, valor 11,4% acima do produzido no ano passado.”
Marília comenta ainda que, no que diz respeito ao setor de petróleo e gás estadual, os dados da ANP mostraram que a produção de petróleo chegou a 46,7 milhões de barris no ano, expansão de 20,4% em relação ao mesmo período de 2022, e a de gás natural totalizou 1,15 bilhões de m³, crescimento de 21,1%.
Entre as explicações para esses avanços estão:
- Aumento da extração no Campo Jubarte, que pode ser justificado pela retomada das operações do FPSO Cidade de Anchieta (depois do período de paralisação em 2022);
- Retomada da produção no Campo Golfinho, após a BW Offshore assumir as operações dos ativos vendidos pela Petrobras;
- Recuperação da produção de petróleo e gás onshore, com a diversificação de empresas atuantes no ES com o Plano de Desinvestimento da Petrobras;
- Retomada em julho de 2023 da produção no Campo Abalone, operado pela Shell.
Em contraponto, a indústria de transformação recuou 6,9% no Espírito Santo no acumulado de janeiro a setembro deste ano. Esse resultado é explicado pelas quedas em todas as quatro atividades pesquisadas pelo IBGE, com destaques para os recuos de 16,2% na fabricação de produtos de minerais não metálicos e de 5,9% na metalurgia. Somadas, as duas atividades representam 66,6% da indústria de transformação capixaba na PIM-PF.