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O crescimento de 60% da participação das mulheres no setor de tecnologia

Dia Internacional das Mulheres: Act!on destaca o crescimento de 60% da participação das mulheres no setor de tecnologia

Dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) revelam um aumento significativo na presença feminina no setor de tecnologia nos últimos cinco anos, com uma expansão de 60%. Este avanço representa uma mudança notável na paisagem profissional, mas ainda há desafios a serem enfrentados

O aumento da participação das mulheres nas empresas de tecnologia tem sido um tema de discussão nos últimos anos. Embora os números mostrem um progresso encorajador, a disparidade de gênero continua sendo uma realidade em muitas organizações. Atualmente, 83,3% do mercado é composto por homens, enquanto apenas 12,3% dos cargos de tecnologia são ocupados por mulheres.

A pesquisa Panorama Mulheres 2023 revela que apenas 17% dos cargos de chefia ou tomada de decisão são ocupados por mulheres. Isso contrasta com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), que destaca a contribuição positiva das mulheres para ambientes corporativos inclusivos e decisões de qualidade. Para a Associação Capixaba de Tecnologia (Act!on), mesmo que a participação das mulheres nas empresas de tecnologia tem aumentado, ainda está aquém do ideal.

Niase Borjaille, diretor-presidente da Act!on, ressalta que embora o setor de tecnologia esteja avançando em direção à equidade de gênero, ainda há muito a ser feito. Iniciativas para atrair e reter talentos femininos, como programas de recrutamento específicos e políticas de inclusão, estão se tornando mais comuns.

“O setor de tecnologia está passando por transformações significativas em direção à equidade de gênero. É uma quebra de paradigma, pois à medida que as mulheres conquistam papéis cruciais, desde posições técnicas até cargos de liderança, as empresas buscam impulsionar a diversidade para promover inovação e sucesso sustentável.”, observa o diretor-presidente Niase.

Niase enfatiza que as associadas da Act!on manifestam o apoio a programas que implementam iniciativas de diversidade e inclusão, como o Senai Tech Pras Manas e o Reprograme-se. Essas iniciativas incluem políticas de recrutamento inclusivas e programas de mentoria para mulheres.

 

*Cargos de Tomada de Decisão:*

A presença das mulheres em cargos de tomada de decisão, como CEO, CTO, e outros cargos de liderança, tem mostrado melhorias, embora o progresso seja gradual.

Muitas organizações estão reconhecendo a importância da diversidade de gênero na liderança e estão tomando medidas para promover a igualdade.

*Uma luta constante*

Jaqueline Pacheco, CEO da Domini Serviços de Gestão e Segurança Documental, conta que há cinco anos atrás o preconceito ainda era muito latente e era perceptível sempre que acompanhava um de seus funcionários em atendimento à clientes.

“Houve um caso em que o cliente se recusou a tratar comigo por acreditar que o meu funcionário é quem era o dono da empresa. Segundo ele, o lugar de mulher era em casa. Foram tempos de muita luta, pois nós, as mulheres, sempre tivemos que provar algo mais e aprender a lidar com o preconceito, mas felizmente temos superado e obtido muito êxito neste desafio.

Ela destaca a conquista da Cris Samorini, a primeira mulher a se tornar presidente da Federação das Industrias do Espírito Santo (Findes), em 2020.

“Hoje, temos uma primeira mulher na presidência da Findes. Uma conquista merecida que abriu o mercado para a participação das mulheres. Evoluímos, é certo, mas ainda temos muita luta pela frente”, observa Jaqueline Pacheco.

A Act!on tem apoiado programas que implementando iniciativas de diversidade e inclusão para criar ambientes de trabalho mais equitativos. Um dos exemplos é Senai tech pras manas lançado pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes); o Reprograme-se, um programa desenvolvido pela Act!on e o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), com o objetivo de formar jovens e adultos em desenvolvimento de softwares e o projeto Jovens Programadoras, junto com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).

Essas iniciativas incluem políticas de recrutamento inclusivas, programas de mentoria e desenvolvimento de liderança para mulheres.

Laura Kuntz, diretora comercial da VipPhone Software e fundadora da L2 Softwares, enfatiza a necessidade de reconhecer as habilidades das mulheres e promover uma mudança de mentalidade em relação aos espaços ocupados por elas.

“Se analisarmos os resultados obtidos pelas mulheres, podemos observar a capacidade lógica e a inteligência emocional das mulheres em lidar com as mais variadas demandas das corporações. Hoje, a evolução é latente, mas precisamos de mais reconhecimento e quebrar, de forma definitiva, esse paradigma”, explica Laura Kuntz.

Ainda segundo Laura, o exemplo da primeira ministra-britânica, Margaret Thatcher, mostra a velocidade de raciocínio e a força de liderança feminina, além da capacidade de uma análise macro.

“Temos outros exemplos de sucesso feminino em nossas empresas, como a Milene: uma jovem de 24 anos, que começou como estagiária, e em um ano passou para analista nível 1. Agora, Milene está em curso para se tornar uma desenvolvedo ra. É uma das nossas Margarets. Já faz muito tempo que acreditamos que lugar para chorar é em casa. Temos muito para conquistar e vamos continuar evoluindo”, finaliza Laura Kuntz.

*Desafios Persistentes:* Apesar dos avanços, desafios persistentes como o viés de gênero e a falta de representação feminina em áreas STEM continuam a impactar a presença das mulheres no setor de tecnologia.

*Promoção da Diversidade na Cultura Corporativa:*

Embora haja desafios a serem superados, o aumento do diálogo e da conscientização sobre a importância da diversidade de gênero nas empresas de tecnologia é um passo positivo. As organizações estão reconhecendo que equipes diversas são mais inovadoras e resilientes, o que contribui para o sucesso a longo prazo.

Por Juba Paixão

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