A cada hora, pelo menos quatro crianças são abusadas sexualmente no Brasil e 51% delas têm entre 1 e 5 anos de idade, apontam pesquisas. Para alertar sobre essa triste realidade e lutar contra a violência infanto-juvenil acontece, anualmente, a campanha Maio Laranja, que este ano ganha um reforço de peso: o lançamento do livro “O caso Araceli: mistérios, abusos e impunidade”, no próximo dia 17, às 19 horas, na livraria Leitura do Shopping Vitória. Ele aborda justamente o crime que virou um marco e inspirou a instituição deste mês, maio, como o de defesa das crianças e adolescentes.
Na obra, os jornalistas Felipe Quintino e Katilaine Chagas reconstituem os fatos e desdobramentos que marcaram o desaparecimento da menina Araceli Cabrera, em 18 de maio de 1973, bem como as iniciativas de lembranças, protestos e usos políticos que reverberam ainda hoje.
Agora, na véspera dos 50 anos desse crime, eles recebem amigos, jornalistas e autoridades para apresentar o livro, que traz fatos inéditos, as estratégias das defesas, entrevista com parentes da vítima e muitas outras informações compiladas pelos autores após terem acesso ao processo judicial de 33 volumes e mais de 12 mil páginas e se debruçarem durante dois anos em arquivos de matérias, reportagens, documentos e imagens.
“O caso Araceli sempre me intrigou muito. Ele teve repercussão nacional, chegou a ser tema de peça teatral, de romance-reportagem e do Globo Repórter. Uma trama complexa que culminou em arquivamento. Então, o livro vem para ajudar na luta contra o esquecimento desse assassinato brutal e para chamar a atenção para a violência contra crianças e adolescentes, que ainda faz diversas vítimas diariamente”, comentou Felipe Quintino.
Já Katilaine Chagas destaca que Araceli e sua família foram vítimas pelo menos duas vezes. A primeira com a morte violenta da menina e a segunda quando deixaram o crime atravessar as décadas impune. “Então que pelo menos esse caso seja contado e recontado quantas vezes forem necessárias para marcar a importância de não se banalizar os dados de violência contra crianças e adolescentes e, principalmente, de protegê-los de uma cultura que permite que casos como o dela ainda se repitam”.
Caso marcante
O caso é um dos mais emblemáticos da história judicial brasileira, deflagrado no Espírito Santo em plena ditadura militar e marcado por uma mistura de elementos: boatos, pressões, omissões e denúncias de destruição de provas. Contando essa história de silêncios e reviravoltas, os autores buscam contribuir para a mobilização do enfrentamento à violência, reforçando a data que, desde 2000, por meio da Lei 9.970, tornou-se um símbolo no combate ao abuso sexual contra crianças e adolescentes.
Vela a pena conferir. O livro será lançado pela editora Alameda, tem 282 páginas e custa R$ 69. A pré-venda da obra já começou e os interessados em adquiri-la podem acessar o endereço www.alamedaeditorial.com.br/caso-araceli/.