Tecnologia combate desperdício de água e ajuda a cumprir as restrições impostas em várias regiões do País
O Brasil enfrenta a sua mais severa crise hídrica em sete décadas, conforme aponta o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Desde 1950, o país não lidava com uma seca tão intensa, que tem comprometido a produção agrícola e exigido mudanças urgentes nas práticas de irrigação. De acordo com o último levantamento do Cemaden, em agosto, 3.978 municípios enfrentavam algum nível de seca, com 201 em condições extremas.
Em meio a esse cenário alarmante, a eficiência no uso da água se tornou fundamental, e a irrigação por gotejamento se destaca como uma das principais alternativas. Esse sistema permite a economia significativa de água, reduzindo o desperdício e otimizando a produção ao fornecer pequenas quantidades de água diretamente às raízes das plantas.
“O sistema de gotejamento melhora a eficiência no uso da água e oferece controle rigoroso da quantidade utilizada, algo essencial em períodos de escassez”, afirma o engenheiro agrônomo Elídio Torezani.
A irrigação por gotejamento otimiza o uso dos recursos hídricos, liberando pequenas quantidades de água de forma contínua e direcionada. Isso garante que as necessidades das culturas sejam atendidas sem excessos.
“Com o gotejamento, o controle é muito maior. O agricultor pode ajustar o volume de água conforme o desenvolvimento da planta, evitando desperdícios e promovendo um uso mais racional”, comenta Torezani.
Além da economia de água — que pode chegar a 50% em comparação aos sistemas tradicionais — o gotejamento traz benefícios econômicos e ambientais. A redução no uso de água diminui a necessidade de fertilizantes, pois permite uma aplicação mais controlada e direcionada.
“Isso resulta em menores custos operacionais, aumento da saúde das plantas e maior produtividade. Além disso, o sistema é automatizado, o que reduz a necessidade de mão de obra”, completa Elídio, que também é diretor da Hydra Irrigação, uma empresa com sede em Linhares.
O cenário no Espírito Santo
Recentemente, a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) decretou Estado de Alerta no Espírito Santo, impondo uma redução de 20% no volume diário de água destinado à irrigação agrícola. Com a Resolução nº 003/2024, recomenda-se que a irrigação ocorra nas primeiras horas da manhã ou ao final da tarde para minimizar as perdas por evaporação. “É essencial que os produtores ajustem o tempo de irrigação de acordo com a umidade do solo”, reforça Torezani.
Sérgio Maia, um produtor rural no Espírito Santo, destaca as melhorias após a adoção do gotejamento. “Reduzimos em quase 40% nosso consumo de água e energia, além de melhorarmos a qualidade da produção”, relata Maia.
As novas diretrizes no Espírito Santo refletem a gravidade da crise hídrica em nível nacional. O uso industrial e agroindustrial no estado também enfrentará uma redução de 25% no volume de água captada, enquanto outros setores terão que diminuir seu consumo em até 35%. Nesse contexto, a agricultura precisa continuar se adaptando, e tecnologias como o gotejamento são essenciais para garantir a viabilidade da produção sem comprometer os recursos naturais.
“O gotejamento é uma solução eficaz para que o agricultor enfrente a escassez hídrica sem sacrificar a produtividade. É uma tecnologia que alia eficiência e sustentabilidade”, conclui Torezani.