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Financiar ou esperar? Veja os caminhos

Financiamento ainda é opção para investidores e compradores de alto padrão, enquanto programas habitacionais e consórcios ganham força entre famílias da classe média

Com a taxa básica de juros (Selic) estacionada em 14,75% ao ano — o patamar mais alto desde 2006 — o acesso ao crédito ficou mais caro. A alta impactou diretamente o financiamento imobiliário, elevando as taxas praticadas pelos bancos e diminuindo o poder de compra de milhares de famílias brasileiras. Ainda assim, o mercado imobiliário segue aquecido, especialmente no segmento de alto padrão.

Para esse público, o financiamento continua sendo uma estratégia vantajosa. Mesmo com taxas entre 10% e 12% ao ano, muitos optam por manter seus recursos aplicados em renda fixa — que hoje rendem mais que os juros do financiamento — e financiam a compra do imóvel. Segundo especialistas, esse movimento também é motivado pela valorização constante dos imóveis em regiões como a Grande Vitória.

“O investidor entende que vale mais a pena financiar agora e continuar investindo seu capital. Ele ganha com a rentabilidade das aplicações e ainda vê o imóvel valorizar. É uma equação financeira que faz sentido”, explica Ricardo Gava, diretor da Secovi-ES e executivo da Gava Crédito Imobiliário.

Se o topo da pirâmide econômica se adapta com mais facilidade ao cenário de juros altos, a classe média encontra mais obstáculos. O aumento das prestações reduziu significativamente o acesso ao crédito, tornando o sonho da casa própria mais distante para muitos.

Nesse contexto, o programa Minha Casa, Minha Vida voltou a ganhar protagonismo. A reformulação recente do programa, com a criação da Faixa 4, trouxe alívio para famílias com renda bruta de até R$ 12 mil e imóveis de até R$ 500 mil. Com taxas de juros de 10% ao ano, a nova faixa ajuda a viabilizar financiamentos mais acessíveis.

“Essa ampliação foi essencial para atender uma demanda reprimida, principalmente nas regiões metropolitanas, onde o custo dos imóveis é mais alto. Foi um movimento acertado do governo”, avalia Gava.

Mesmo com os juros elevados, especialistas destacam que o momento pode ser favorável para quem pensa no longo prazo. Um dos recursos mais interessantes é a portabilidade do financiamento. Quando as taxas de juros caírem, será possível transferir o contrato para outra instituição financeira com melhores condições, reduzindo o custo total da dívida.

“Quem financia agora pode renegociar no futuro. É uma jogada estratégica que permite comprar hoje, aproveitar a valorização e ainda reduzir as parcelas lá na frente”, explica o executivo.

Outro mecanismo que tem ganhado força é o consórcio imobiliário. Livre de juros — embora com taxa de administração —, o consórcio é visto como uma alternativa para quem pode esperar e busca evitar o endividamento imediato. Em fevereiro de 2025, o modelo atingiu um recorde histórico, com 11,4 milhões de participantes, segundo a ABAC (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios).

Com tantas possibilidades à disposição, contar com orientação especializada torna-se fundamental. A escolha entre financiamento, consórcio ou programa habitacional deve considerar o perfil financeiro, o momento de vida e os objetivos de cada comprador.

“Não existe uma fórmula única. É preciso analisar caso a caso. Uma boa assessoria pode evitar erros e garantir que o cliente escolha o caminho mais vantajoso para conquistar seu imóvel”, conclui Ricardo Gava.

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