A mostra é realizada pelo Sesc, e acontecerá no Palácio Anchieta, com apoio da Fecomércio e do Governo do Estado
A abertura da exposição “Novos Viajantes” tem nova data. Será no próximo dia 05 (quarta-feira). A mostra pretende promover um encontro especial da população capixaba com obras em desenho, pintura e fotografia de 34 artistas, dos quais 29 têm passagem pelo Atelier Attilio Colnago e cinco convidados. Essa é a primeira exposição realizada pelo Sesc no Espaço Cultural Palácio Anchieta, em Vitória, tendo o apoio institucional da Federação do Comércio, de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio) e do Governo do Estado. A instituição, que tem a cultura como um dos seus eixos de atuação, vai disponibilizar acesso gratuito à mostra, a ser realizada entre os dias 05 de julho e 10 de setembro. Com a proximidade das férias escolares, a exposição é uma oportuna opção de passeio.
A exposição teve como ponto de partida o universo iconográfico de cientistas, naturalistas, botânicos, zoólogos e, também, artistas da Europa que aportaram no Brasil, entre os séculos XVI e XIX, com o intuito de explorar o território recém-descoberto. Suas pesquisas resultaram na elaboração de uma grande quantidade de diários, coleções de objetos, de espécies naturais e de obras de artes visuais – desenhos, pinturas, gravuras –, que constituem o que ficou designado como “arte dos viajantes”.
A partir desse legado artístico-científico, a mostra “Novos Viajantes” propõe apresentar, com sua multiplicidade de expressões artísticas, um panorama da arte capixaba suscetível a reinterpretar, ressignificar e contemporizar a produção dos viajantes europeus. Anseia, também, trazer uma reflexão sobre a importância da relação entre ciência e arte e, dessa forma, contribuir para a sensibilização sobre a importância da diversidade, da riqueza natural e da necessidade de conservação do meio ambiente.
Tendo por base esses objetivos, os artistas desta exposição empreenderam estudos históricos que deram subsídio aos seus trabalhos. O propósito é buscar a confrontação de olhares nas representações iconográficas: a dos artistas viajantes, que percorreram as regiões do Brasil e as registraram com olhar europeu, e a dos artistas contemporâneos, que têm sua produção focada no momento histórico atual.
Como exemplo da importância da documentação produzida pelos naturalistas, destaca-se o material resultante da expedição realizada por Carl Friedrich von Martius e Johan Baptiste von Spix, entre 1817 e 1820, quando, em lombo de mulas, percorreram durante três anos mais de dez mil quilômetros entre o Rio de Janeiro e o Amazonas.
Nessa viagem, propuseram a organização da vegetação brasileira em cinco biomas – cerrado, caatinga, Mata Atlântica, Floresta Amazônica e pampas –, conceito utilizado até hoje e que foi, posteriormente, implementado com o pantanal. No Espírito Santo, foram de fundamental importância a passagem e a iconografia deixada pelos naturalistas Príncipe Maximiliano de Wied, com a publicação de “Viagem ao Brasil”, Saint-Hilaire com “Viagem ao Espírito Santo e Rio Doce” e pela Princesa Teresa da Baviera.
Nasce, assim, o projeto “Novos Viajantes. Nesse contexto, a mostra está representada, em sua maioria, por artistas que têm uma ligação com o atelier de Attilio Colnago. Cada um com a peculiaridade e especificidade de sua obra.
Mata Atlântica
O que congrega os viajantes históricos e os novos viajantes é a Mata Atlântica, esse universo vasto em exemplares de fauna e flora que merece ser preservado. Não é sem razão que, em diferentes períodos, sempre exerceu um fascínio para o olhar dos cientistas e dos artistas. É singular a necessidade de convergir mais olhares em direção a essa imensa floresta, em virtude da sua exuberância e riqueza da sua biodiversidade.
Dessa forma, “Novos Viajantes” configura-se como uma contribuição nas ações ambientais, levando ao público imagens que provoquem reflexão e prazer estético, propondo a necessidade de mudança de posturas e ações que possam contribuir de forma significativa na relação do homem com o meio em que vive.
Faz-se necessário, então, reler a história dos antigos viajantes para buscar um novo olhar, uma nova abordagem para o uso do seu legado. Fica evidente a necessidade de assegurar a manutenção dos mais diversos biomas para o equilíbrio do planeta.
Assim, o que se pretende levar ao Espaço Cultural Palácio Anchieta é uma oportunidade mútua na qual o público poderá tomar conhecimento das obras dos artistas viajantes históricos e identificar os artistas locais com um fazer contemporâneo que exploram conceitos técnicos e poéticos do desenho, da pintura e da fotografia, no intuito de atualizar o significado e a importância
dessas manifestações artísticas, procurando perceber e refletir sobre as diferenças e coincidências que permeiam a produção em artes visuais no Estado.
Salas especiais na exibição no Palácio Anchieta
Na mostra a ser exibida no Palácio Anchieta, além de mais de 115 obras, serão inseridas duas salas especiais: uma delas é a “Sala Mata Atlântica”, que reúne “memórias” da riqueza da Floresta capixaba. A segunda sala, “Aquarelas de Augusto Ruschi”, é dedicada a uma exibição inédita dos trabalhos de ilustração do ecologista Augusto Ruschi. A seleção – oriundas de mais de 200 imagens – teve seu início de produção na década de 1920, quando Augusto Ruschi esboçou suas primeiras ilustrações de orquídeas e beija-flores.
O conjunto de aquarelas apresentado propõe um olhar sobre o percurso de diferentes décadas de sua produção e sua conexão com a tradição naturalista que em muito influenciou o olhar do ecologista Augusto Ruschi sobre a documentação da mata atlântica capixaba.
Curadoria/produção/concepção expográfica
A mostra conta com a curadoria de Attilio Colnago Filho. O enfoque curatorial é trazer a reflexão do papel do legado dos naturalistas e artistas viajantes e a diversidade da fauna e flora local. O papel da curadoria é a mediação entre os universos da história, a natureza local e a obra dos artistas contemporâneos e o público. Pela aproximação aos diferentes elementos – técnicos/poéticos/históricos – presentes nas obras dos artistas a curadoria pretende que o público reconheça as referências históricas e faça uma imersão no universo poético das diversas obras expostas.
A produção-coordenação é de Paulo de Barros, que realizou as curadorias das mostras “Pedro Luis Hanne Gallo – Obra Gráfica”; “Foto Clube do Espírito Santo 55 anos”; Mostra itinerante “Francisco Seibel um fotógrafo rural do Espírito Santo”, entre outras.
Ações educativas
Contemplando a amplitude da atuação do Sesc, estão programadas ações de arte, educação e cultura, com visitas mediadas, voltadas para promover práticas que apoiem o desenvolvimento e a capacidade de acolhimento do público e o contato com as obras, além de ciclo de palestra com o curador e oficinas temáticas à exposição. Em breve, serão divulgadas as datas.