O ano de 2025 começa com otimismo para os empresários do comércio do Espírito Santo. Mesmo com um cenário econômico instável, os empreendedores capixabas estão demonstrando confiança na recuperação e no crescimento do setor, com intenção de contratar mais funcionários e investir na ampliação dos estoques.
Essas expectativas positivas foram levantadas por meio de um estudo realizado pelo Connect Fecomércio-ES (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo), com apoio de dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O Índice de Confiança dos Empresários do Comércio (Icec) no Espírito Santo atingiu 113,6 pontos em janeiro, o que coloca o estado como líder no Sudeste e acima da média nacional (109 pontos). Um crescimento de 2,3% foi registrado em comparação com o mesmo mês de 2024. Porém, se comparado ao mês anterior, houve uma ligeira queda de 1,7%, um indicativo de que o otimismo pode estar começando a desacelerar.
Apesar da leve diminuição, o desempenho do Espírito Santo se mostrou mais favorável do que o de outros estados da região, como Minas Gerais (-2,2%), São Paulo (-2,6%) e Rio de Janeiro (-5,2%). No cenário nacional, o indicador também sofreu uma queda de 3% entre dezembro e janeiro.
O levantamento também revela que os empresários capixabas estão com boas intenções de investir, especialmente em áreas estratégicas como contratação de pessoal e aumento de estoques. O subíndice que avalia as intenções de investimento subiu 2,3%, com destaque para o aumento de 6% na contratação de funcionários e 7% na ampliação dos estoques.
Ana Carolina Júlio, coordenadora de pesquisas do Observatório do Comércio, destaca que o Espírito Santo se mantém como um polo de confiança na economia, mesmo diante de desafios. “Embora o futuro ainda seja incerto, a intenção de contratar mais pessoas e aumentar os estoques mostra que os empresários estão comprometidos em manter seus negócios operando e competitivos”, afirma.
Esse aumento na intenção de investimentos nos estoques pode ser interpretado como uma ação estratégica para alinhar a oferta de produtos à demanda esperada. “Os empresários querem evitar tanto a escassez de mercadorias quanto o excesso, que poderia prejudicar a operação das empresas”, explica Ana Carolina.
Apesar da confiança em relação ao presente, a expectativa para o futuro está em queda. O subíndice que analisa as projeções de desempenho das empresas, da economia e do setor teve uma queda de 7,5% em janeiro, quando comparado a dezembro de 2024. Contudo, na comparação anual com janeiro de 2024, o indicador teve um leve aumento de 3,4%.
Ana Carolina atribui a desconfiança futura, em parte, ao cenário de juros altos, principalmente devido ao aumento da taxa Selic. Isso resulta em um encarecimento do crédito, o que pode afetar o poder de compra dos consumidores e, consequentemente, a demanda por produtos e serviços. Esse cenário também pode acarretar um aumento na inadimplência e prejudicar a saúde financeira das empresas.
A pesquisa, embora mostre um ambiente de desafios econômicos, também reflete a capacidade de adaptação dos empresários capixabas. A manutenção dos investimentos em capital humano, com o aumento da contratação de funcionários, e o controle eficiente dos estoques evidenciam uma postura proativa diante das adversidades. Para Ana Carolina Júlio, esses são sinais claros de que os empresários estão dispostos a garantir a competitividade e o sucesso de suas operações, com um planejamento cuidadoso para o futuro.
Em um contexto de instabilidade, a pesquisa revela que, apesar dos receios, os empresários capixabas estão decididos a investir em áreas fundamentais para o crescimento sustentável de seus negócios.
