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Duo Heptasopro e Léo de Paula lançam álbum

De um lado, um duo de violão e flauta especializado no choro e nas diversas matrizes da música instrumental brasileira; de outro, um percussionista reconhecido pelo amplo conhecimento nos ritmos afro-brasileiros e de origem banta. O resultado desse encontro pode ser conferido pelo público no álbum “HeptaSopro convida Léo de Paula”, que chega às plataformas digitais, no próximo dia 16 de maio, trazendo 12 composições que passeiam principalmente pelo choro e pela diversidade de gêneros musicais brasileiros. Na mesma data, às 19h, os artistas farão um show de lançamento no auditório do Cemuni IV, no campus de Goiabeiras da Universida de Federal do Espírito Santo (Ufes), com entrada franca.
O álbum “HeptaSopro convida Léo de Paula” foi selecionado pelo Edital 12/2022, de Produção Musical, da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-ES).
Formado pelo violonista de sete cordas Luciano Furtado e pelo flautista e compositor Matheus Viana, o HeptaSopro está em atividade desde 2017, quando os músicos se conheceram na oficina de prática de conjunto no Festival de Inverno de Domingos Martins.
Desde então, o duo vem desenvolvendo um trabalho consistente na área da música instrumental brasileira, tendo como espinha dorsal o choro e o samba, passeando também por compositores contemporâneos como Guinga, Toninho Horta e Hermeto Pascoal. As composições próprias, de autoria de Matheus Viana, trazem arranjos originais pensados para explorar ao máximo as especificidades de cada instrumento.
Em 2021, o duo criou o Projeto HeptaSopro Convida Léo de Paula, que teve sua primeira aparição pública com o material audiovisual gravado por meio da Lei Aldir Blanc, com 16 faixas autorais que foram registradas em áudio e vídeo. No ano seguinte, o projeto ganhou os palcos da Grande Vitória e do interior do Espírito Santo, culminando com uma apresentação no Marien Calixte Jazz Music Festival em 2023.
A experiência nos shows colaborou para sedimentar a construção do álbum, gravado no Estúdio Bravo, em Vitória. A parceria entre eles foi cercada por afinidades, conforme explica o flautista Matheus Viana: “A ideia de convidar o Léo de Paula foi uma decisão mútua do duo. Primeiro porque ele foi professor do Luciano durante muito tempo, e depois pela afinidade musical entre os três, que é grande”, comenta Matheus. “O Léo é um percussionista extremamente inventivo e traz consigo toda a bagagem da música afro-brasileira na sua performance. A soma da estrutura percussiva dele com a estética quase contrapontística do HeptaSopro é realmente um casamento interessante”, completa o músico, autor das 12 faixas gravadas no álbum.
Arranjos
Quem ouvir o álbum com atenção irá constatar o entrosamento do trio em arranjos que expressam diferentes visões musicais. Entre os temas de andamento cadenciado e repletos de delicadeza, destacam-se “Amora”, que traz sabor de infância para o compositor, e “Ennio e Vinicius”, homenagem a Ennio Morricone e Vinicius de Moraes, composta por Matheus Viana no dia da morte de Morricone, o genial autor de trilhas sonoras que marcaram época no cinema mundial, como “Era uma vez no Oeste” (1968) e “Cinema Paradiso” (1988).
Na seara do choro, despontam arranjos com diferentes nuances: “Choro torto”, de andamento acelerado, remete aos choros buliçosos de Jacob do Bandolim; “Distraído”, de ritmo médio, tem melodia marcante pontuada pela flauta; e “Varandão em Pelotas”, conforme destaca Matheus Viana, é a faixa que mais se aproxima da tradição chorística propriamente dita, com sua levada dolente e o diálogo entre violão de sete cordas e flauta conduzido pelo pandeiro remansado de Léo de Paula.
Samba
Em meio às incursões no choro, surge o inusitado samba “Evans no samba”, em homenagem ao influente pianista de jazz norte-americano Bill Evans, no qual brilham a cuíca e a percussão múltipla de Léo de Paula. Para Luciano Furtado, essa diversidade de ritmos e abordagens reflete a sonoridade do HeptaSopro. “O HeptaSopro tem como base o choro, mas o Matheus traz muito do jazz e da bossa nova, com harmonias mais rebuscadas e bastante improvisação. O público pode esperar um disco e também os shows com ba stante interação entre os músicos e faixas que evocam sentimentos diferentes de cada pessoa”, define.

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