Saúde

Dia Mundial do Diabetes

Alerta para os Riscos e Prevenção da Doença, Especialistas alertam para doença que atinge 20 milhões de brasileiros

Condição silenciosa exige cuidados com a saúde ocular, alimentação, prática regular de exercícios e acompanhamento médico

No dia 14 de novembro, é celebrado o Dia Mundial do Diabetes, uma data dedicada à conscientização sobre uma doença silenciosa, mas devastadora, que já atinge cerca de 20 milhões de brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes. A doença, que pode afetar drasticamente a qualidade de vida, também pode levar a complicações graves, como a perda da visão.

O diabetes, especialmente em suas formas mais prevalentes, o tipo 1 e tipo 2, exige cuidados contínuos e atenção para evitar o agravamento de sintomas e complicações.

No Espírito Santo, de acordo com a pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), publicada em 2023, 9,6% dos adultos acima de 18 anos foram diagnosticados com diabetes, o que equivale a aproximadamente 368 mil pessoas vivendo com a doença no estado. Do total de diabéticos, 90% apresentam diabetes tipo 2, a forma mais comum da doença, geralmente associada ao sedentarismo, obesidade e predisposição genética. Já o diabetes tipo 1, que representa cerca de 10% dos casos no Espírito Santo, é uma condição autoimune, mais comum em jovens, onde o sistema imunológico ataca as células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina.

A endocrinologista da Rede Meridional, Luize Palaoro, explica que o diabetes é uma condição crônica caracterizada pela elevação dos níveis de glicose (açúcar) no sangue. Esse aumento ocorre devido a problemas na produção ou na ação da insulina, o hormônio que ajuda a glicose a entrar nas células, onde é utilizada como fonte de energia.

Quando não controlado, o diabetes pode levar a complicações sérias e até fatais, como infarto, acidente vascular cerebral (AVC), neuropatia diabética (dano nos nervos, que pode causar dor, formigamento e perda de sensibilidade, principalmente nos pés), nefropatia diabética (insuficiência renal) e problemas oculares que podem resultar em cegueira.

Entre as complicações oculares mais comuns, destaca-se a retinopatia diabética, uma doença que afeta a retina, responsável pela visão. De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), cerca de 40% dos diabéticos apresentam problemas de visão. Quando não tratada, a retinopatia pode evoluir para perdas significativas de visão, e até mesmo cegueira.

O oftalmologista Alexandre Pinheiro, da Macrovisão, destaca a preocupação com os dados sobre a prevalência da retinopatia diabética, um dos maiores riscos para os portadores de diabetes. “Cerca de 40% dos diabéticos desenvolvem alterações oftalmológicas. Estimativas indicam que cerca de 164.085 pessoas no Espírito Santo podem ser afetadas pela retinopatia diabética”, afirma Pinheiro.

 

 

 

A oftalmologista Liliana Nóbrega complementa que os portadores de diabetes, especialmente aqueles com diabetes tipo 2, estão em risco de desenvolver doenças oculares graves, como retinopatia diabética, glaucoma, catarata e até perda total da visão. “A retinopatia diabética acontece quando o excesso de açúcar no sangue enfraquece as paredes dos vasos da retina, provocando o rompimento e o vazamento de sangue e fluidos. Isso pode gerar o surgimento de novos vasos sanguíneos”, explica Nóbrega.

Embora os sintomas das complicações oculares possam ser sutis e evoluir de forma lenta, os pacientes diabéticos devem estar atentos a sinais de alerta, como visão turva ou duplicada, manchas escuras, pontos cegos, dificuldade para enxergar à noite, cores desbotadas e dor nos olhos.

O tratamento da retinopatia diabética pode envolver desde o controle rigoroso da glicemia e pressão arterial até intervenções mais invasivas, como a terapia com laser (fotocoagulação), injeções intraoculares de medicamentos anti-VEGF e até a vitrectomia, uma cirurgia que retira o humor vítreo nos casos mais graves.

A prevenção é essencial para proteger a visão e a saúde em geral dos diabéticos. “O controle rigoroso da glicemia, o uso correto da medicação, a dieta balanceada, a prática regular de exercícios físicos e evitar o tabagismo são atitudes fundamentais para reduzir os riscos para os olhos e para o corpo como um todo”, afirma Liliana Nóbrega.

Além disso, é imprescindível a realização de exames oftalmológicos anuais para detectar precocemente complicações oculares relacionadas ao diabetes.

A prática regular de exercícios físicos é um dos maiores aliados no tratamento e prevenção do diabetes. Os exercícios ajudam no controle da glicose ao queimar calorias, regular o peso, melhorar o colesterol e a pressão arterial, além de promover a vascularização e o bem-estar geral.

Bárbara Gomes, educadora física, destaca a importância de incluir exercícios aeróbicos, como caminhada, corrida, natação ou ciclismo, além de atividades de resistência, como musculação. “É fundamental que cada pessoa tenha um plano de exercícios personalizado, sempre com a orientação de um profissional de saúde”, orienta Bárbara.

Para os diabéticos, o monitoramento constante dos níveis de glicose antes, durante e após os exercícios é essencial. “A hidratação e o respeito aos limites individuais são cruciais para a segurança. Em alguns casos, atividades de alto impacto podem ser contraindicadas, por isso, sempre consulte um profissional de saúde antes de iniciar um programa de exercícios”, conclui a educadora física.

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