De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 2 bilhões de pessoas em todo o planeta sofrem com obesidade e sobrepeso e, em 4 de março – Dia Mundial da Obesidade – é a data em que organizações que previnem e tratam a doença debatem e compartilham conhecimentos sobre a doença.
Em publicação na revista Lancet Gastroenterology & Hepatology de junho de 2021, a disseminação global da obesidade foi rotulada como uma pandemia, embora com um início mais lento de casos e efeitos prejudiciais do que a pandemia de H1N1 de 2009 ou a pandemia de COVID-19.
De acordo com a endocrinologista Gisele Lorenzoni, combater a obesidade envolve muitos fatores, como biológicos e ambientais. “Muitos afirmam que a obesidade parte de uma questão da força de vontade do indivíduo em controlar alimentação, fazer dietas – da sua responsabilidade social – mediante uma indústria de alimentos e bebidas processados que colaboram com o sobrepeso”, afirma a médica.
A obesidade é causada por uma alimentação inadequada ou excessiva. “É preciso haver um equilíbrio entre a quantidade de calorias que se consome e o que se gasta de energia durante o dia. Caso não haja um gasto calórico adequado, há o acúmulo de gordura”, diz Gisele. “E, claro, também por causas genéticas, então precisa ser tratada nas duas questões”, completa a especialista.
No artigo da revista Lancet Gastroenterology & Hepatology, em que se compara a obesidade com mais uma pandemia em curso, é explicado que: No início da pandemia de COVID-19, ficou claro que havia interações consideráveis com a pandemia de obesidade. Por exemplo, descobriu-se rapidamente que a obesidade estava associada a piores resultados clínicos de COVID-19. Por outro lado, há sugestões de que a pandemia do COVID-19 levou a um agravamento das dietas, inatividade e interrupções do tratamento para perda de peso, principalmente em setores carentes da sociedade.
“Ou seja, esta dificuldade na parte mais carente foi justamente em ter uma alimentação saudável, correta, onde famílias sem emprego, precisaram recorrer a alimentos processados – que tem um custo menor – ou até fast foods, que agravam ainda mais a saúde e aumentam o peso do indivíduo”, explica a endocrinologista.
O que precisamos alertar com toda esta situação é de que a obesidade é uma doença crônica e precisa ser tratada deste modo. “Já estamos caminhando positivamente com diversos medicamentos liberados que auxiliam no combate ao sobrepeso e ainda há uma consciência pós-Covid de boa parte da população, que tem dado mais atenção às atividades físicas, boa alimentação, ao seu bem-estar.
“A obesidade é um grande problema de saúde e que deve ser tratado como uma doença crônica, associada a principais causas de morte, como doenças cardíacas, derrame cerebral, diabetes”, afirma Gisele.
O presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Paulo Miranda, reforça o fato, em recente entrevista à revista Veja, onde disse que “Ainda existe a crença, inclusive de profissionais de saúde, de que a obesidade é um desvio comportamental, e os pacientes são responsabilizados por isso. Mas falamos de uma doença crônica e multifatorial, com influência genética e do estilo de vida”, disse.