Hoje, 13 de setembro, é um dia para celebrar a cachaça, uma bebida que é símbolo da cultura e da gastronomia brasileiras. De acordo com o Anuário da Cachaça de 2024, publicado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Brasil conta com 1.217 cachaçarias registradas. Entre elas, o Espírito Santo se destaca como o terceiro estado com o maior número de estabelecimentos especializados na produção dessa bebida tão peculiar, ficando atrás apenas de Minas Gerais e São Paulo.
No Espírito Santo, são 81 cachaçarias que representam 48,7% dos municípios do estado, com pelo menos um registro. Essa alta concentração de produtores demonstra a importância e a tradição da cachaça na região. Entre as marcas notáveis está a Cachaça GG, fundada por Guerino Giuberti, um imigrante italiano que se estabeleceu em Rio Bananal. Com mais de 80 anos de história, a empresa familiar segue sendo gerida por seus descendentes, atualmente liderada pelo bisneto Eristeu Giuberti.
Eristeu, que também preside o Sindicato Rural de Rio Bananal e integra a diretoria da Federação da Agricultura do Espírito Santo (Faes), destaca a colaboração entre os produtores locais. “Nós temos excelentes marcas de cachaça no mercado do Espírito Santo, que estão entre as melhores do Brasil. Sou muito feliz com os meus amigos produtores de cachaça aqui no estado, porque não temos a vaidade de querer caminhar sozinho; é um pegando na mão do outro e mostrando qual é o caminho”, afirma.
O Espírito Santo se beneficia de um clima e solo ideais para o cultivo da cana-de-açúcar, o que influencia diretamente o sabor das cachaças produzidas na região. Em 2023, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou que a cana-de-açúcar foi o produto agropecuário com a maior produção no estado, totalizando mais de 3 milhões de toneladas.
A cachaça, que se distingue por suas características sensoriais, como aroma e sabor, tem conquistado não apenas o paladar dos brasileiros, mas também o dos consumidores internacionais. Em 2023, as exportações de cachaça superaram 20 milhões de dólares, evidenciando a crescente aceitação da bebida no exterior.
Eristeu Giuberti observa que a percepção da cachaça mudou significativamente ao longo dos anos. “A cachaça deixou de ser apenas para pessoas de baixo poder aquisitivo. Hoje, o brasileiro não tem vergonha de pedir uma dose de cachaça de qualidade em qualquer bar ou cachaçaria. Antes, a cachaça era consumida principalmente em caipirinhas, muitas vezes misturada com muito açúcar e limão para amenizar o gosto. Hoje, as pessoas querem sentir e degustar a verdadeira cachaça”, ressalta.
Atualmente, a Cachaça GG está competindo com cinco variedades na Spirits Selection, uma das competições internacionais mais renomadas para bebidas destiladas, que ocorre na Bélgica. O fato de a cachaça ser um produto genuinamente brasileiro — e só poder ser chamada assim quando produzida em solo nacional, conforme a legislação brasileira e normas internacionais — aumenta ainda mais o prestígio da bebida no cenário global.
Dia da Cachaça, além de ser um patrimônio cultural do Brasil, representa a dedicação e a paixão dos produtores capixabas. Afinal, cachaça é coisa nossa, é do Brasil!