O mês de junho marca o início da campanha Junho Laranja, uma iniciativa dedicada a aumentar a conscientização sobre as doenças do sangue, com especial atenção para a leucemia. A campanha visa alertar a população sobre os riscos dessas doenças e a importância vital do diagnóstico precoce. Em 2023, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), 210 novos casos foram diagnosticados no Espírito Santo, sendo 110 em homens e 100 em mulheres.
Leucemia é um tipo grave de câncer que afeta os glóbulos brancos do sangue. Os sintomas podem muitas vezes ser confundidos com outras condições menos severas, o que torna a conscientização ainda mais crucial. Apesar de não haver uma forma de prevenção direta, é necessário estar alerta para sinais como palidez, cansaço, febre, aumento de gânglios linfáticos, infecções persistentes, hematomas, sangramentos inexplicáveis e aumento do baço e do fígado. Reconhecer esses sintomas e buscar avaliação médica imediata pode ser crucial para um diagnóstico precoce e um tratamento eficaz.
A hematologista Juliana Velloso, da Oncoclínicas Espírito Santo, esclarece um equívoco comum sobre a relação entre anemia e leucemia. “Anemia não se transforma em leucemia. Muitas vezes, a anemia é o primeiro sinal notado, mas é apenas um sintoma da leucemia. A causa subjacente da anemia precisa ser investigada adequadamente para chegar ao diagnóstico correto,” explica a especialista.
A leucemia é responsável por mais de 10 mil novos casos anualmente no Brasil, sendo particularmente prevalente em crianças e adolescentes na forma de leucemia linfoblástica aguda. Este tipo de câncer se origina nas células-tronco da medula óssea, onde são produzidos os glóbulos brancos, vermelhos e as plaquetas.
“Em alguns casos, a leucemia é curável. As chances de cura são maiores em pessoas mais jovens e variam conforme o tipo específico de leucemia e o histórico de saúde do paciente,” ressalta Juliana.
A campanha Junho Laranja também busca informar sobre os fatores de risco associados ao desenvolvimento da leucemia. Entre eles estão:
- Tabagismo
- Exposição ao benzeno
- Radiação ionizante
- Certos medicamentos de quimioterapia
- Formaldeído
- Agrotóxicos
Portadores de certas condições genéticas, como síndrome de Down e síndrome mielodisplásica, também têm um risco aumentado de desenvolver leucemia.
A campanha Junho Laranja reforça a necessidade de atenção aos sintomas e a busca por avaliação médica imediata. O diagnóstico precoce pode ser a chave para um tratamento mais eficaz e para aumentar as chances de cura, especialmente em crianças e adolescentes.
Ao longo do mês, diversas ações de conscientização e informação serão realizadas para educar a população sobre a leucemia e outras doenças do sangue, buscando reduzir os índices de mortalidade e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Quais são os principais tipos de leucemia:
De acordo com a hematologista, existem vários tipos de leucemia, diferenciados com base em sua origem celular. “As leucemias tem origem nas células tronco hematopoiéticas, sendo classificadas em linfoide, quando sua origem é o sistema linfoide, ou mieloide, quando sua origem são as células mieloides.”, afirma Juliana.
A classificação da leucemia segue dois critérios principais. O primeiro é a velocidade de progressão, podendo ser aguda (progredindo rapidamente e produzindo células imaturas que não conseguem executar suas funções) ou crônica (progredindo lentamente, mantendo um maior número de células maduras que conseguem realizar algumas das funções normais). O segundo critério é o tipo de célula sanguínea ou glóbulo branco afetado: mieloide ou linfoide.
Existem subtipos definidos por análises biológicas e genéticas. Combinando esses critérios de classificação, temos os quatro tipos mais comuns de leucemia:
Leucemia linfóide crônica (LLC): afeta células linfoides e se desenvolve lentamente. A maioria das pessoas com LLC tem mais de 55 anos, sendo rara em crianças. É uma doença adquirida, não hereditária.
Leucemia mieloide crônica (LMC): afeta células mieloides e inicialmente se desenvolve de forma lenta. Principalmente acomete adultos. Pode causar anemia, fadiga, infecções, sangramentos e outros problemas, mas alguns pacientes são totalmente assintomáticos.
Leucemia linfóide aguda (LLA): afeta células linfoides e progride rapidamente. É o tipo mais comum em crianças pequenas, mas também pode ocorrer em adultos.
Leucemia mieloide aguda (LMA): afeta células mieloides e avança rapidamente. Ocorre tanto em adultos quanto em crianças, com incidência aumentada com o envelhecimento.
Tratamento para Leucemia
O tratamento é personalizado de acordo com o tipo específico da doença e o histórico de saúde do paciente. As opções terapêuticas podem englobar diversas abordagens, tais como quimioterapia, imunoterapia, terapia-alvo, radioterapia, transplante de medula óssea e terapias celulares como o CAR-T. “Cada uma dessas modalidades tem seu papel no combate à leucemia, sendo escolhida ou combinada conforme as necessidades individuais do paciente e a resposta ao tratamento”, conclui a médica.