Saúde

Uso excessivo de telas aumenta casos de depressão entre crianças e adolescentes

O uso excessivo de telas por crianças e adolescentes tem gerado impactos preocupantes na saúde mental. Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais apontou que 72% dos jovens avaliados apresentaram aumento nos sintomas de depressão relacionados ao tempo prolongado diante de dispositivos eletrônicos. A pesquisa também revelou uma redução no coeficiente de inteligência (QI) entre os participantes, evidenciando prejuízos cognitivos associados ao excesso de exposição digital.

A situação acende um alerta para pais e responsáveis. O psicólogo ouvido pelo estudo explica que o uso constante de telas favorece o isolamento social, substituindo o convívio presencial por interações digitais, muitas vezes pautadas pela comparação com padrões irreais das redes sociais. Esse comportamento pode provocar ansiedade, baixa autoestima e dificuldades de atenção, inclusive com efeitos duradouros na vida adulta.

Outro levantamento, realizado por um grupo de defesa dos direitos da criança, mostra que 70% dos adolescentes entre 10 e 19 anos enfrentam algum tipo de desafio de saúde mental, com as redes sociais sendo apontadas como um fator agravante.

A realidade levou famílias a reverem hábitos e estabelecerem novos limites. Rafaela, mãe de dois meninos, notou mudanças no comportamento dos filhos, principalmente no mais velho, após longos períodos diante de telas. “Ele ficava mais limitado, mais irritado. Tivemos que impor novas regras, colocar atividades físicas e incentivar o que ele já gostava, como desenhar”, contou. Para ajudar na transição, ela própria ajustou sua rotina profissional e passou a trabalhar em meio período, garantindo mais tempo de convivência com as crianças.

Especialistas reforçam a importância de manter as crianças longe das telas por períodos significativos do dia e recomendam a criação de rotinas com atividades físicas, lúdicas e sociais. Parques, praças e espaços públicos são alternativas viáveis e gratuitas que contribuem para o desenvolvimento emocional e cognitivo infantil.

A recomendação é que o uso de telas seja limitado e monitorado, com atenção aos conteúdos acessados e às relações que se constroem a partir do ambiente digital. Segundo psicólogos, o uso indiscriminado de dispositivos não deve ser uma forma de distração passiva ou solução imediata para o tédio. Pelo contrário, o envolvimento familiar e o estímulo ao contato humano são peças-chave para o bem-estar das novas gerações.

Famílias, educadores e sociedade precisam estar atentos: o equilíbrio no uso da tecnologia é fundamental para proteger o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes.

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