O Sustentabilidade Brasil 2025 segue movimentando a Praça do Papa, em Vitória, com debates, oficinas, manifestações culturais e trocas de experiências voltadas à construção de um futuro mais justo e ambientalmente responsável. Nesta sexta-feira (13), penúltimo dia do evento, a programação trouxe reflexões potentes sobre os impactos do turismo predatório, o direito à consulta prévia de comunidades tradicionais, a economia circular e as boas práticas no campo da sustentabilidade.
Com acesso gratuito e promovido pelo Instituto Sustentabilidade Brasil (ISB), o evento chega à sua quinta edição reunindo representantes do setor público e privado, especialistas nacionais e internacionais, lideranças indígenas e quilombolas, além de pesquisadores e estudantes. Até este sábado (14), mais de 40 painéis e oficinas integram a programação.
No auditório Ar, o painel “O custo socioambiental da falsa sustentabilidade em territórios preservados e tradicionais”, das trilhas “Do Rio a Belém – Conexão ES” e “Transformação”, deu protagonismo a quem vive diretamente os impactos das decisões políticas e econômicas em áreas de conservação.
A quilombola e advogada Josi Santos, do Território Sapê do Norte, foi enfática ao criticar a ausência de escuta ativa e consulta às comunidades tradicionais, citando o exemplo de Itaúnas (ES), onde empreendimentos turísticos avançam sobre áreas quilombolas sem diálogo prévio. “É preciso sensibilidade e inclusão. A Convenção 169 da OIT fala sobre consulta livre, prévia e informada. Mas não nos escutam. Isso precisa mudar”, afirmou.
Já o professor e ecologista Walter Có chamou atenção para o desequilíbrio causado por um modelo de turismo voltado exclusivamente ao lucro, sem planejamento sustentável. “Um turismo responsável valoriza a cultura local, mantém a integridade do território e não expulsa seus verdadeiros moradores. Megaeventos e resorts muitas vezes violam essa lógica”, alertou.
Outro momento importante foi o painel sobre “Descomissionamento de Plataformas Offshore”, com participações de Pablo Lins (Petrobras), Jéssica Chan (Porto Central) e Flora Gaspar (OAB-ES). Eles abordaram o potencial da indústria de petróleo e gás em adotar práticas de economia circular, como o reaproveitamento de materiais de plataformas antigas para novas construções.
O espaço Eco Criativo foi palco de oficinas manuais e atividades interativas, como a produção de aromatizadores, bichinhos de pano com retalhos e oficinas de leitura ambiental. No palco, a peça “Floresta Azul” encantou o público infantil, enquanto Eloá Puri, Deco Bandeira e Joceli Francisco trouxeram música autoral com mensagens de conexão com a natureza.
No auditório Alma, o bate-papo “Desafios e oportunidades do empreendedor sustentável” e a palestra “Como transformar lixo em oportunidade”, com Leandro Freitas (Borracharia do Leandro), inspiraram quem busca inovar com consciência ambiental e impacto social positivo.
Um dos momentos mais aguardados do dia foi a premiação da Jornada Científica, com mais de 100 trabalhos inscritos de todo o Brasil. O projeto “Toque Sustentável”, dos alunos do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), foi o grande vencedor, com proposta de educação inclusiva por meio do uso de materiais recicláveis. O segundo lugar ficou com o estudo “Entre práticas instituídas e percepções vividas”, da Ufes, sobre gestão sustentável de recursos humanos.
Os vencedores receberam prêmios de R$ 3.000 e R$ 2.500, respectivamente. A professora Adriana Ferreira, da equipe alagoana, celebrou o reconhecimento: “É emocionante ver estudantes sendo valorizados num espaço tão importante. É sinal de que a ciência está viva e pode transformar realidades”.
O Sustentabilidade Brasil 2025 se encerra neste sábado (14), ainda com ampla programação. A inscrição é gratuita e pode ser feita no site sustentabilidadebrasil.com/evento.