Cultura

Tombamento da Pedra Azul é essencial para preservar a história e paisagem capixaba

Tombamento da Pedra Azul será importante para preservar não só a paisagem, mas a história do Estado, diz IAB-ES

A Pedra Azul, um dos principais cartões postais do Espírito Santo, pode ganhar a proteção que merece. O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) enviou um ofício à Secretaria do Estado da Cultura (Secult) e ao Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), solicitando o início do processo de tombamento da Pedra Azul, localizada no município de Domingos Martins. Para especialistas, como a vice-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento Espírito Santo (IAB-ES), Drª Luciene Pessotti, essa ação é fundamental não apenas para preservar a paisagem natural, mas também a história e identidade cultural do Estado.

A iniciativa do MPES visa garantir a proteção de um dos monumentos naturais mais emblemáticos do Espírito Santo diante do avanço da especulação imobiliária e da crescente ocupação da região da Serra. “Esse tombamento é essencial para a preservação da paisagem, mas também para manter viva a história do Estado, preservando as memórias que esse território carrega”, explica Luciene, destacando a importância do monumento para a formação cultural e histórica do Espírito Santo.

Com 1.822 metros de altura, a Pedra Azul, em conjunto com a Pedra do Lagarto, forma um complexo rochoso granítico considerado patrimônio geológico brasileiro. O local é parte do Parque Estadual da Pedra Azul, uma área de preservação que abriga espécies da flora e fauna da Mata Atlântica. Para Luciene, o tombamento tem um valor simbólico e cultural imenso, já que o território não representa apenas um bem natural, mas também parte da história de ocupação da região e da construção da identidade capixaba.

“A paisagem é um elemento importante porque conta a nossa história e nos constitui enquanto identidade. O que o MPES está preocupado é com a ocupação urbana nas proximidades desse monumento, que, por sua vez, está inserido dentro do Parque Estadual. O tombamento estabelece diretrizes que não só preservam o monumento natural, mas também controlam o uso do território ao redor, garantindo que ele não seja degradado ou transformado de forma indiscriminada”, afirma a especialista.

O MPES iniciou a ação devido à aceleração da urbanização da região das Montanhas Capixabas. Agora, o Ministério Público Federal (MPF-ES) também reforçará o pedido de proteção, ampliando o apoio à iniciativa que visa garantir o status de patrimônio cultural para a Pedra Azul. “O processo de tombamento é uma medida preventiva, que visa evitar que o crescimento desordenado afete o ecossistema e o valor histórico do local”, completa Luciene Pessotti.

Para o IAB-ES, a preservação da Pedra Azul vai além de um simples processo ambiental; trata-se de proteger um pedaço fundamental da cultura capixaba. “Essa busca de preservação não é apenas sobre o território, mas também sobre a história construída na região de Domingos Martins e na formação da identidade do Espírito Santo. A Pedra Azul é um símbolo que está intimamente ligado ao processo de colonização e ao desenvolvimento da nossa cultura”, finaliza Luciene.

Leia também