Economia

Tarifaço cai e ES retoma fôlego nas exportações do agronegócio

O agronegócio capixaba respira aliviado com a derrubada das tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos estratégicos do Espírito Santo. Depois de três meses de impactos significativos nas exportações, o chamado “tarifaço” – como vem sendo popularmente denominado – chegou ao fim para a maior parte dos itens, permitindo ao setor retomar a normalidade e reorganizar o mercado.

De acordo com o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli, o período entre agosto e outubro foi marcado por prejuízos expressivos, especialmente para produtos em que o Espírito Santo é líder nacional. O café em grão (café verde), por exemplo, registrou queda de 54% no volume exportado para os Estados Unidos em comparação ao mesmo período de 2023. No caso da pimenta-do-reino, a retração foi ainda mais drástica: mais de 90%.

“Temos muito a comemorar agora, porque voltamos à normalidade. O Espírito Santo foi mais impactado que o restante do Brasil em diversos setores, justamente porque somos expoentes na exportação desses produtos”, afirmou Bergoli.

Segundo ele, o governo estadual atuou por meio de um comitê coordenado pelo vice-governador Ricardo Ferraço, com monitoramento diário e integração entre entidades públicas e privadas. A articulação contribuiu para o avanço das negociações internacionais que resultaram na redução das tarifas.

Apesar das perdas para o mercado norte-americano, o período também abriu portas para novas oportunidades. A exportação de pimenta, por exemplo, deve fechar o ano com recorde histórico graças à conquista de outros mercados. O gengibre – produto no qual o Estado é o maior exportador do país – também sofreu queda significativa para os EUA, mas manteve desempenho robusto globalmente. Já o mamão, mesmo com redução em valor, apresentou aumento de volume enviado ao exterior.

Bergoli destaca que as expectativas para os próximos meses são positivas: “O agro capixaba exporta todos os anos para mais de 125 países, mas os Estados Unidos representam cerca de 23% das divisas. Com a tarifa zerada novamente, devemos recuperar parte das perdas e seguir avançando”.

Apesar dos avanços, alguns segmentos continuam enfrentando tarifas altas, como café solúvel, pescados, ovos e mel.

O caso mais emblemático é o café solúvel, cuja tarifa atual é de 50%. A comparação internacional evidencia a desvantagem: Vietnã (20%), México (25%) e Indonésia (19%). “Essa diferença inviabiliza a exportação do café solúvel brasileiro para os Estados Unidos. E isso pesa demais, porque 37% das nossas vendas externas desse produto no ano passado foram para o mercado americano”, explica o secretário.

A queda nas exportações de café solúvel para os EUA nos últimos três meses foi de 24%, um impacto direto do tarifaço.

No setor de pescados, o baque também foi forte: quase 100% das exportações capixabas têm como destino os Estados Unidos, e houve retração de cerca de 30%. Os produtores de ovos enfrentam cenário semelhante, com redução próxima de 50%.

O secretário afirma que o governo estadual, o governo federal e o setor privado – especialmente entidades como o Cecafé, que representa exportadores de café – seguem mobilizados para derrubar as tarifas remanescentes.

“Estamos confiantes de que teremos novidades nas próximas semanas. O diálogo diplomático avança, e o setor privado tem sido fundamental nesse processo”, afirmou Bergoli.

Enquanto isso, o Estado continua monitorando diariamente o impacto das tarifas e ajustando suas estratégias de exportação, buscando ampliar mercados e minimizar perdas.

“Voltamos à normalidade, mas ainda temos desafios importantes. O Espírito Santo encerra o ano com desempenho forte nas exportações, mas seguimos trabalhando para garantir competitividade a todos os nossos setores”, concluiu o secretário.

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