Saúde

Saúde Mental nas Empresas Ganha Espaço com Nova Norma Reguladora

Empresas têm até maio de 2026 para implementar medidas contra riscos psicossociais no ambiente de trabalho

O número de afastamentos por transtornos mentais no Brasil alcançou patamares alarmantes: em 2024, foram registrados 472.328 casos, segundo dados do Ministério da Previdência Social. Em resposta a esse cenário preocupante, o Ministério do Trabalho atualizou a Norma Reguladora NR-01, que trata das diretrizes gerais sobre segurança e saúde no trabalho.

A principal mudança é a obrigatoriedade de que, até 25 de maio de 2026, todas as empresas implementem processos voltados à identificação, prevenção e mitigação dos chamados riscos psicossociais — fatores como sobrecarga de trabalho, assédio moral, falta de reconhecimento e insegurança profissional, que afetam diretamente a saúde mental dos colaboradores. A partir dessa data, as empresas que não estiverem em conformidade poderão ser autuadas e sofrer sanções.

Para especialistas em gestão de pessoas, mais do que uma obrigação legal, a nova exigência representa uma oportunidade estratégica. “A inclusão da exigência normativa não é apenas uma obrigação legal, mas uma provocação à transformação cultural nas organizações”, avalia Valquiria Pereira, gerente de Humanização da Loga, operadora capixaba de internet. “Adaptar-se é, acima de tudo, uma oportunidade de fortalecer ambientes mais humanos, colaborativos, produtivos e sustentáveis”, complementa.

A NR-01 passa a exigir que as organizações incluam os fatores psicossociais em seus Programas de Gerenciamento de Riscos (PGR), considerando também aspectos subjetivos do ambiente de trabalho. Isso implica, por exemplo, a realização de avaliações periódicas sobre o clima organizacional, treinamentos de lideranças em empatia e escuta ativa, políticas claras de combate ao assédio e a promoção de espaços de diálogo e bem-estar.

Empresas de médio e grande porte, que já possuem setores estruturados de Recursos Humanos e Saúde Ocupacional, tendem a se adaptar com mais facilidade. Já as pequenas empresas enfrentam o desafio de incorporar essas medidas com recursos limitados. No entanto, soluções como consultorias externas, cartilhas orientativas do próprio Ministério do Trabalho e parcerias com cooperativas de psicólogos têm surgido como alternativas viáveis.

A implementação efetiva das novas normas pode significar um avanço importante na construção de ambientes de trabalho mais saudáveis. Além disso, há impactos positivos esperados em indicadores como produtividade, engajamento e redução de turnover.

Com a saúde mental finalmente ocupando o espaço que merece na agenda corporativa, a expectativa é de que a cultura organizacional brasileira caminhe para um modelo mais centrado nas pessoas — onde o equilíbrio entre resultados e bem-estar seja, de fato, uma prioridade.

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