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“Rubem Braga – “A vida em Voz Alta” últimos dias para conferir a peça

O espetáculo produzido e protagonizado integralmente por artistas capixabas, “Rubem Braga – “A vida em Voz Alta” – estrelado pelo veterano ator José Augusto Loureiro, que dá a vida a Rubem Braga, retornou aos palcos, com breve turnê em Vitória, Guaçuí, Cachoeiro de Itapemirim, São Mateus e Colatina, e encerra no dia 4 de abril, em Viana, no Teatro Municipal de Viana, e as inscrições para reserva, já estão abertas.

A peça, com texto de Duilio Kuster, direção de Leonardo Magalhães, supervisão de direção de Charles Fricks e direção de produção de Bruna Dornellas e Wesley Telles, tem patrocínio da ArcelorMittal e está sendo realizado com recursos do Governo do Espírito Santo viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura Capixaba, da Secretaria de Cultura.

O interesse pela realização de tal montagem está ligado ao fato de Rubem Braga ser o escritor capixaba que obteve maior reconhecimento literário em nível nacional, bem como a preocupação inerente dos envolvidos no projeto de se falar da cultura do Estado, pouco conhecida e divulgada para além dos mares daqui.

Além disso, num momento em que o Brasil vive um lamentável período de avanço da desigualdade, do autoritarismo e da intolerância, falar sobre Rubem Braga é também assumir uma posição política contrária a esse quadro desolador.

Seja por meio de suas crônicas, seja pela análise de sua biografia, fica claro que o escritor sempre foi um defensor da liberdade e de condições de vida mais dignas para a população brasileira mais simples.

Sinopse

Tendo por base crônicas, poemas e passagens biográficas de Rubem Braga, o monólogo “Rubem Braga: A Vida em Voz Alta” apresenta o escritor no seu apartamento – em meio a recordações sobre velhos amigos e amores, a infância no interior, a carreira jornalística e literária e a luta contra o autoritarismo – desenvolvendo o que poderia ser a sua crônica derradeira, ou apenas só mais um trabalho.

SAIBA MAIS:

Contextualizando Rubem Braga

Rubem Braga nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, no dia 12 de janeiro de 1913, em uma família de sete irmãos. Recebeu em casa as primeiras lições, conduzidas pela irmã mais velha. Depois seguiu para Niterói, Rio de Janeiro, entre 1927 e 1928, onde conclui o curso ginasial.

Em 1929, escreveu suas primeiras crônicas no jornal Correio do Sul, de propriedade de seu pai. Em 1932, formou-se em Direito pela Universidade de Belo Horizonte. Nesse mesmo ano, iniciou uma longa carreira de jornalista, que começou com a cobertura da Revolução Constitucionalista de 32, para um jornal de Belo Horizonte.

Foi também correspondente na Itália durante a II Guerra Mundial, quando cobriu as atividades da Força Expedicionária Brasileira.

Como cronista, escreveu para diversos jornais, mostrando seu estilo irônico, lírico e extremamente bem-humorado. Sabia também ser ácido e escrevia textos duros, defendendo os seus pontos de vista. Fazia crítica social, denunciava injustiças e combatia governos autoritários.

Foi preso duas vezes durante o Estado Novo, por suas crônicas contra o regime. Foi investigado durante a ditadura militar por criticar a liberdade de imprensa e a violência praticada em nome da revolução.

Rubem Braga reuniu suas crônicas em diversos livros, entre eles: “O Conde e o Passarinho” (1936), “O Morro do Isolamento” (1944), ”Ai de Ti Copacabana” (1960), “A Traição das Elegantes” (1967), “Recado de Primavera” (1984), “Crônicas do Espírito Santo” (1984), “O Verão e as Mulheres” (1986) e “As Boas Coisas da Vida” (1988).

A crônica é definida por Rubem Braga como “essa faculdade de dar um sentido solene e alto às palavras de todo dia”. A formulação se aplica perfeitamente à sua própria obra: desde os seus primeiros textos, ele soube extrair experiências reflexivas universais de fatos cotidianos, fundadas no lirismo.

Nos últimos tempos, publicava suas crônicas, aos sábados, no jornal O Estado de São Paulo.

Foram 62 anos de jornalismo e mais de 15 mil crônicas escritas. Rubem faleceu, no Rio de Janeiro, no dia 19 de dezembro de 1990.

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