Estudos mostram que casais em que uma das pessoas tem TDAH — Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade — têm até o dobro de chances de se separar. A convivência, segundo especialistas, é marcada por desafios como esquecimentos frequentes, mudanças bruscas de humor, impulsividade e dificuldades em manter conversas profundas. Esses fatores geram frustração, mágoa e desgaste emocional.
“Muitas vezes, o parceiro com TDAH não percebe o quanto desorganiza o vínculo. Já o outro se sente exausto, como se tivesse que ser o adulto da relação o tempo inteiro”, explica a psicóloga e psicanalista Mariana Weigert de Azevedo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o TDAH atinge cerca de 5% da população mundial. Apesar de ser mais comumente diagnosticado na infância, muitos adultos convivem com o transtorno sem saber. Nos relacionamentos, ele pode se manifestar como dificuldade de foco em conversas, impulsividade verbal e emocional, dificuldade em cumprir acordos e atitudes que o outro interpreta como desinteresse ou frieza.
A instabilidade emocional, frequente em pessoas com TDAH, também pode amplificar pequenos conflitos em grandes crises. “O transtorno não afeta só a atenção. Ele desorganiza a forma de sentir, de reagir e de se relacionar com o tempo interno. Isso interfere diretamente na escuta, no afeto e na construção da intimidade”, diz Mariana.
Sem tratamento, o casal pode ficar preso em ciclos de brigas, distanciamento e culpa, que se repetem sem uma explicação clara. Mas há esperança: com acompanhamento psicológico e, em alguns casos, suporte medicamentoso, é possível transformar completamente a qualidade da relação. “Quando o sujeito entende o que está por trás dos seus comportamentos, ele pode sair da culpa e entrar no cuidado. Isso muda tudo, inclusive dentro do amor”, conclui a especialista.