Os resultados positivos da indústria capixaba continuam. No acumulado de janeiro a abril, comparado com o mesmo período de 2023, a produção industrial do Espírito Santo cresceu 6,2% impulsionada pelo bom desempenho das atividades extrativa (8,3%) e de transformação (2,2%).
O Espírito Santo teve um resultado acima do nacional nos primeiro quatro meses do ano. De janeiro a abril a indústria nacional cresceu 3,6%. Os dados foram compilados pelo Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e fazem parte da pesquisa de Produção Industrial Mensal (PIM-PF) do IBGE, divulgada nesta sexta-feira (14).
De acordo com a análise do Observatório da Findes, o bom desempenho da indústria de extrativa pode ser explicado pelo aumento de extração de petróleo e gás natural e pelo crescimento da atividade de pelotização do minério de ferro.
O presidente em exercício da Findes, Paulo Baraona, destaca que a atuação das petroleiras independentes no Estado, a partir da política de desinvestimentos de ativos da Petrobras, é um dos motivos que explica o avanço do setor de petróleo e gás. “Temos visto no ES uma recuperação importante na produção de óleo e gás. E, temos acompanhado de perto, por meio do Fórum Capixaba de Petróleo, Gás e Energia, essa atuação das companhias menores, tanto com produção em terra, quanto em mar”, aponta.
No primeiro quadrimestre do ano, o Estado produziu uma média de 176,3 mil barris por dia. O valor é 11,4% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado, de acordo com os dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).
A gerente executiva do Observatório da Indústria e economista-chefe da Findes, Marília Silva, aponta outro indicador importante para o setor é com relação ao gás natural. “De janeiro a abril, o Espírito Santo alcançou a marca de 4,6 milhões de metros cúbicos de produção de gás por dia, o que representou um crescimento de 22,2% em comparação ao mesmo período de 2023. Isso mostra um grande avanço em relação ao ano anterior.”
A produção de minério de ferro pelotizado também impulsionou positivamente a indústria extrativa. Segundo o último relatório trimestral da Vale, a sua produção cresceu 3,9% quando comparado ao mesmo período de 2023. Já a Samarco apresentou um aumento de 12% em sua produção no primeiro trimestre de 2024.
A pesquisa do IBGE também mostrou que a indústria de transformação cresceu. De janeiro a abril, comparado com o mesmo período de 2023, a alta foi de 2,2%. O resultado foi positivamente influenciado pelas atividades da metalurgia (4,9%), da fabricação de produtos alimentícios (2,6%) e da fabricação de produtos de minerais não metálicos (2,6%). Já a indústria de papel e celulose recuou 5,4%.
Marília comenta que é esperada uma continuação do desempenho positivo do setor da metalurgia. “Vemos uma melhora no cenário nacional, com aumentos no consumo e nas vendas. Contudo, não podemos deixar de mencionar que as importações de produtos derivados do aço continuam elevadas, com participação significativa dos produtos chineses”, pontua a economista.
Perspectivas para 2024
Segundo dados do Indicador de Atividade Econômica (IAE-Findes), divulgado na última quarta-feira (12), o ano de 2024 deve ser positivo para a economia capixaba, com previsão de alta de 3,4%, sendo a indústria a principal responsável por impulsionar o PIB local. O crescimento projetado para o setor, neste ano, é de 8,8%, seguido pela agropecuária (3,2%) e serviços e comércio (2,9%). Vale lembrar que o Espírito Santo é o segundo estado mais industrializado do Brasil.
A economista-chefe da Findes, Marília Silva, explica que o aumento do rendimento do trabalhador, os estímulos via programas governamentais e liberações dos precatórios agendadas para esse ano estão contribuindo positivamente para o resultado a nível estadual e nacional. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta que a economia brasileira terá alta de 2,4% neste ano, já o PIB industrial deve crescer 2,01%.
Apesar do cenário otimista, Marília lembra que alguns desafios da indústria estão atrelados a condução da política monetária nacional. “Mesmo com a expectativa de mais um corte da taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia, neste ano, ela continuará elevada. O Relatório Focus aponta para uma redução de apenas 0,25 p.p, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Atualmente ela está no patamar de 10,5% ao ano. Para além disso ainda temos a regulamentação da reforma tributária e a realização de uma reforma administrativa”, comenta.