Páscoa deve movimentar cerca de R$ 66 milhões no comércio capixaba, apesar de pressão no orçamento familiar
Chocolates, itens de decoração, pescados, vinhos e azeites lideram as vendas no Espírito Santo durante o feriadão. Preços elevados de produtos tradicionais da época, como o ovo de Páscoa e a torta capixaba, devem impactar o consumo das famílias.
A Páscoa, considerada a sexta data mais importante para o comércio do Espírito Santo, deve movimentar aproximadamente R$ 66 milhões em vendas durante o feriado prolongado, entre sexta-feira (18) e domingo (20). A estimativa é do Connect Fecomércio-ES, com base em dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Segundo o levantamento, os produtos mais procurados nesta época do ano continuam sendo os tradicionais ovos de Páscoa e chocolates, seguidos por itens de decoração, pescados, vinhos e azeites. Além disso, os serviços de alimentação, especialmente aqueles que oferecem a tradicional torta capixaba e refeições à base de frutos do mar, também devem impulsionar as vendas.
Apesar da movimentação positiva esperada no comércio, os custos elevados de alguns produtos típicos da Páscoa podem pesar no bolso do consumidor. A coordenadora de pesquisas do Observatório do Comércio, Ana Carolina Júlio, destaca que os preços de alimentos e atividades de lazer vêm apresentando alta em 2025. A inflação acumulada entre janeiro e março no setor alimentício foi de 3,28%, enquanto refeições fora de casa ficaram 4,06% mais caras, em comparação ao mesmo período de 2024.

“Com os preços mais altos, as famílias devem pensar duas vezes antes de optar por refeições fora de casa durante o feriado. Além disso, outros gastos comuns, como transporte e lazer, também apresentaram alta, o que pode influenciar na decisão de viajar ou curtir o feriadão em casa”, afirma Ana Carolina.
Entre os itens da torta capixaba, alguns ingredientes registraram aumentos significativos no Espírito Santo. O tomate, por exemplo, teve alta de 86,66%, mais que o dobro da média nacional (52,9%). O camarão subiu 3,41% no estado, enquanto os ovos de galinha ficaram 29,95% mais caros. Por outro lado, ingredientes como batata-inglesa (-7,01%), cebola (-0,9%) e azeite de oliva (-4,83%) apresentaram queda de preço, o que pode aliviar parcialmente o impacto no orçamento familiar.
Já os chocolates, símbolo máximo da celebração pascal, também ficaram mais caros. A inflação dos produtos chegou a 6,21% no Espírito Santo, valor próximo da média nacional (6,84%). A alta é atribuída à valorização internacional do cacau e à desvalorização do real frente ao dólar, que impactaram diretamente os custos da indústria.
Mesmo com os desafios econômicos, a expectativa é positiva. Se confirmada a previsão de vendas, o estado deve registrar um crescimento real de 0,7% em relação à Páscoa de 2024, que movimentou R$ 65,5 milhões. A nível nacional, no entanto, a CNC projeta uma leve retração de 1,4%, com faturamento estimado em R$ 3,36 bilhões – contra R$ 3,41 bilhões no ano passado.
A coordenadora do Connect Fecomércio-ES destaca que, diante do cenário inflacionário, o planejamento financeiro será essencial para os consumidores, principalmente para evitar o endividamento.
“Com o orçamento mais apertado, a tendência é que os consumidores pesquisem mais antes de comprar. Os lojistas, por sua vez, devem estar atentos a essa mudança de comportamento, oferecendo opções para todos os perfis de clientes, com variedade e preços mais acessíveis”, conclui Ana Carolina Júlio.