Comportamento feminino impulsiona queda da inadimplência no Espírito Santo
Em março, mais de 80 mil mulheres saíram do vermelho, enquanto inadimplência entre homens cresceu em 57 mil
A inadimplência entre as famílias capixabas caiu pelo terceiro mês consecutivo em março, e o principal motor dessa redução foi o comportamento financeiro das mulheres. Segundo levantamento do Connect Fecomércio-ES, com base na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), a taxa de inadimplência no Espírito Santo passou de 32,4% em fevereiro para 31,9% em março — uma queda de 0,5 ponto percentual, equivalente a 17,7 mil pessoas a menos com dívidas em atraso.
No recorte de gênero, a diferença é ainda mais expressiva. A taxa de inadimplência entre as mulheres caiu de 37,1% para 33%, ou seja, 80.964 mulheres saíram do vermelho em um único mês. Já entre os homens, o movimento foi oposto: a inadimplência subiu de 27,6% para 30,7%, com 57 mil novas pessoas inadimplentes.
“Esse comportamento mostra uma mudança relevante nos hábitos financeiros das mulheres capixabas, que têm conseguido reequilibrar suas finanças e, com isso, impactar positivamente o cenário econômico local”, destacou André Spalenza, coordenador de pesquisa do Connect Fecomércio-ES.
O levantamento também indica que março foi marcado por um avanço na capacidade de pagamento das dívidas em atraso, especialmente entre famílias com renda de até 10 salários mínimos (R$ 15.180). Nesse grupo, a proporção de famílias com capacidade de quitar parcial ou totalmente suas dívidas subiu 1,4 ponto percentual, atingindo 41,5%.
Entre as famílias de maior renda (acima de 10 salários mínimos), a melhora foi ainda mais significativa: o percentual com capacidade de quitação total das dívidas aumentou 4,2 pontos percentuais. A redução das dívidas com mais de 90 dias de atraso foi outro ponto positivo. Entre as famílias de menor renda, a queda foi de 1,8 ponto percentual. Já nas de renda mais alta, o índice caiu expressivos 12,5 pontos percentuais.
As mulheres também se destacaram quando o assunto foi a capacidade de pagamento. Em março, 48,8% disseram ter condições de quitar parcial ou integralmente suas dívidas, contra 43,2% dos homens. O número representa uma alta de 6,8 pontos percentuais para as mulheres em relação ao mês anterior. Já entre os homens, houve queda de 2,8 pontos percentuais nesse indicador.
Outro dado que reforça o comprometimento feminino com as finanças é o tempo de atraso das dívidas. Enquanto 58,7% dos homens disseram ter pelo menos uma conta vencida há mais de 90 dias, entre as mulheres esse índice é de 49,5%.
Apesar da melhora geral, o uso do cartão de crédito continua sendo a principal fonte de endividamento das famílias capixabas, seguido pelo crédito pessoal. Esses instrumentos seguem no topo da lista dos principais responsáveis pelas dívidas em aberto.
Para André Spalenza, os números de março indicam uma tendência de retomada da saúde financeira das famílias capixabas, o que também pode trazer reflexos positivos para o comércio. “Quando há maior controle financeiro, o consumidor volta a comprar de forma mais consciente, beneficiando toda a cadeia produtiva”, afirma.