agricultura

Mulheres do Cacau: Protagonismo Feminino na Agricultura Capixaba

Mulheres Transforma a Agricultura Familiar

No Dia Internacional da Mulher, agricultoras capixabas celebram avanços significativos na cacauicultura por meio do associativismo.

No Espírito Santo, um movimento crescente de mulheres está reescrevendo a história da cacauicultura no estado, promovendo avanços técnicos, sociais e econômicos que reverberam por suas comunidades. O Coletivo Mulheres do Cacau do Espírito Santo, uma iniciativa que tem ganhado força, destaca o papel essencial da mulher na agricultura familiar, mostrando como a união, a capacitação e o associativismo podem transformar realidades.

A criação do Coletivo foi um marco importante, com a primeira reunião entre suas representantes e o Instituto Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) ocorrendo no ano passado, em Colatina. O encontro reuniu as lideranças das quatro associações que compõem o coletivo e marcou o início de uma parceria que já tem gerado frutos. Juntas, as cerca de 70 mulheres participantes, provenientes de diferentes municípios capixabas, começam a identificar necessidades e oportunidades para o desenvolvimento das atividades da agricultura familiar, com foco na produção de cacau, mas também se estendendo a outras áreas como floricultura e horticultura.

Bruna Venturin, engenheira agrônoma e consultora do Imaflora, explica que o projeto visa a promoção do crescimento sustentável da produção local, oferecendo suporte técnico e estrutural para as mulheres, incentivando sua autonomia e a organização do grupo. “Nosso trabalho é fortalecer essas mulheres, dando a elas as ferramentas para que possam crescer de forma sustentável e autônoma”, afirma Venturin.

Essa dinâmica tem sido especialmente visível desde o encerramento do projeto Cacau 2030, no final de 2023, que foi coordenado pelo Imaflora e contou com o apoio do Cocoa Action. Durante o projeto, as mulheres do coletivo se destacaram pela participação ativa em capacitações, dias de campo, treinamentos e intercâmbios. O sucesso dessa participação resultou no apoio contínuo do Fundo Social do Imaflora, essencial para a continuidade das ações.

Atualmente, o Coletivo Mulheres do Cacau envolve 65 agricultoras de cinco municípios do estado: Linhares (19), Rio Bananal (15), Colatina (14) e Santa Teresa/São Roque do Canaã (17). Um dos maiores desafios enfrentados pelo grupo é a necessidade de assistência técnica e extensão rural, mas as mulheres também têm demonstrado uma grande capacidade de se capacitar em áreas-chave como associativismo, manejo de cacau orgânico, produção de amêndoas de qualidade e gestão de agroindústrias coletivas. Essas iniciativas têm dado um novo impulso à economia local, com as mulheres expandindo suas atividades para além da produção de cacau, investindo na comercialização e na criação de novos produtos.

A união, sem dúvida, tem sido uma das grandes forças que alimenta o projeto. Matilde Garabelli, presidente da Associação Mulheres do Cacau de Linhares, destaca a importância do associativismo e da capacitação para o fortalecimento do papel da mulher no campo. “Somos responsáveis por grande parte dos alimentos que chegam às mesas das famílias. A união e as parcerias são essenciais para fortalecer nosso trabalho e garantir que possamos crescer cada vez mais”, afirma Garabelli.

O empreendedorismo feminino tem sido um dos pilares do coletivo. A agricultora Ivania Aparecida Baiôco, por exemplo, reforça que a gestão de sua propriedade é uma verdadeira empreitada. “A propriedade é a minha empresa. Não basta só cultivar, é preciso gerenciar e investir”, destaca. Esse espírito de autonomia e gestão tem sido compartilhado por outras mulheres do coletivo, que percebem a importância da administração rural como uma ferramenta de desenvolvimento econômico e social.

Sandra Francisco, uma das integrantes do coletivo, ressalta a importância do associativismo para o sucesso do grupo. “Não é só vender cacau, é um ciclo de apoio entre mulheres. Aqui, nos apoiamos, trocamos experiências e aprendemos juntas”, diz ela, enfatizando como o apoio mútuo tem sido fundamental para o sucesso coletivo.

No Dia Internacional da Mulher, a celebração do protagonismo feminino no campo ganha um significado ainda mais especial. A luta histórica das mulheres por igualdade e reconhecimento é refletida nas conquistas do Coletivo Mulheres do Cacau, que tem se mostrado um exemplo de transformação social nas comunidades onde atua. A ação conjunta de mulheres rurais tem mostrado que a união e a capacitação são fundamentais para transformar a realidade da agricultura familiar, promovendo desenvolvimento social, econômico e sustentável.

Formado por quatro associações de mulheres agricultoras, o Coletivo tem como objetivo promover o protagonismo feminino no campo, fortalecendo a organização social, a autonomia econômica e a valorização do trabalho feminino. Com foco no associativismo, o coletivo tem se destacado pela participação ativa em projetos de desenvolvimento sustentável, capacitações e acesso a mercados, sendo um exemplo de transformação nas comunidades rurais do Espírito Santo.

Leia também