Um levantamento inédito da FUNAD contínua do IBGE revelou que cerca de 160 mil pessoas no Espírito Santo adotaram o trabalho remoto no último trimestre de 2022, com ganhos mensais até três vezes superiores aos que não optaram por essa modalidade. Em média, os teletrabalhadores capixabas alcançaram uma remuneração de R$6.300, enquanto aqueles que não aderiram ao modelo registraram uma média de R$2.000.
Para compreender essa disparidade, buscamos a expertise de Kátia Vasconcelos, professora do departamento de administração da UFES e especialista em gestão de pessoas. Segundo ela, a remuneração mais elevada está ligada ao perfil desses trabalhadores, que, em sua maioria, atuam em setores altamente especializados, como tecnologia da informação, comunicação e áreas que demandam atenção, como análises jurídicas e contábeis. Essas ocupações, geralmente realizadas por profissionais com formação superior, destacam-se pela maior qualificação e especialização, resultando em salários mais altos.
É crucial entender que essa disparidade já existia antes da pandemia, indicando que o teletrabalho não apenas manteve, mas também fortaleceu essa tendência. Contudo, a pandemia acelerou a adoção do trabalho remoto, oferecendo flexibilidade de horários, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, redução de custos e tempo de deslocamento.
Questionada sobre a continuidade do teletrabalho, Kátia destaca uma tendência clara, ressaltando que as áreas que permanecerem nesse modelo tendem a oferecer vantagens atrativas para profissionais que buscam equilíbrio e flexibilidade em suas atividades laborais.
Por fim, ao abordar os cuidados necessários para o sucesso do teletrabalho, Kátia aponta que, além das questões tecnológicas e disciplinares, aspectos relacionados à cultura organizacional são críticos. A comunicação, o relacionamento entre líderes e liderados, e a forma de monitoramento das atividades são fundamentais para garantir um ambiente eficaz no trabalho remoto.
Assim, o teletrabalho no Espírito Santo não é apenas uma realidade consolidada, mas uma tendência que continuará a ser explorada no futuro, exigindo adaptações e cuidados tanto por parte das empresas quanto dos trabalhadores.