Juros elevados encarecem financiamentos e reduzem atratividade do mercado imobiliário, enquanto renda fixa ganha protagonismo com segurança e melhores retornos
A taxa Selic em patamar elevado tem redesenhado o comportamento dos investidores no Brasil. Segundo estudo da ANBIMA, a renda fixa segue como principal destino dos aportes, representando 58,9% do volume total investido no país. O montante chegou a R$ 4,68 trilhões ao fim de junho, alta de 8,2% em relação a dezembro de 2024.
Com os juros altos, aplicações como CDBs, LCIs, LCAs e Tesouro Direto se consolidam como alternativas vantajosas, oferecendo liquidez, segurança e rentabilidade superior à inflação. “A renda fixa está entregando rentabilidades reais acima de 1% ao mês em alguns casos”, afirma Cecília Perini, sócia e Líder Regional da XP no Espírito Santo.
Enquanto isso, o mercado imobiliário perde fôlego. O custo elevado do crédito encarece financiamentos e diminui o retorno com aluguel, tornando os imóveis menos atrativos. Além disso, riscos como vacância, manutenção e burocracia pesam na decisão dos investidores, especialmente em estados como São Paulo, onde a busca por alternativas mais ágeis e rentáveis se intensifica.
Para Cecília, o momento exige cautela e equilíbrio. “É crucial manter carteiras diversificadas, com maior exposição em renda fixa e um mix entre ativos pós-fixados, de inflação e prefixados. Ainda enfrentamos incertezas macroeconômicas e geopolíticas globais, além dos desafios políticos e fiscais no Brasil”, avalia.
A tendência é que a busca por diversificação e maior rentabilidade se intensifique nos próximos anos, impulsionada pela democratização do acesso a produtos de investimento e pelo avanço da tecnologia. Nesse cenário, o papel do assessor de investimentos ganha força. “O assessor personaliza estratégias de acordo com cada perfil e ajuda o cliente a alcançar metas, como a aposentadoria”, completa Perini.