Com a proximidade do verão e a previsão de aumento das temperaturas, especialistas alertam: os idosos estão entre os grupos mais vulneráveis aos efeitos extremos do calor, um tema que, inclusive, ganhou destaque nas discussões da COP30, realizada recentemente em Belém.
Isso ocorre porque o envelhecimento compromete a capacidade natural do corpo de regular a temperatura (inclusive reduzindo a sensação de sede), o que torna essa parcela crescente da população muito mais exposta à desidratação, à exaustão térmica, ao agravamento de doenças crônicas e até a internações que poderiam ser evitadas.
A vulnerabilidade desse público tem sido tema recorrente em estudos e políticas públicas. Segundo a Organização Mundial da Saúde, episódios de calor intenso aumentam em até 40% o risco de mortalidade entre pessoas acima de 65 anos. No Brasil, dados do Ministério da Saúde mostram que as internações por causas associadas ao calor cresceram mais de 60% nos últimos dez anos, com idosos representando a maior parte dos casos graves. Relatórios recentes sobre mudanças climáticas indicam ainda que o país pode viver verões cada vez mais longos e intensos, tornando urgente a criação de medidas preventivas tanto dentro das casas quanto nas cidades.
Entre os riscos específicos estão desidratação acelerada, tontura, queda de pressão, confusão mental, insolação, piora de doenças cardiovasculares e respiratórias e maior vulnerabilidade a quedas.
Os sinais de alerta que familiares e cuidadores devem observar incluem fraqueza súbita, pele muito quente ou avermelhada, ausência de suor, irritabilidade, sonolência incomum, desorientação e dificuldade de locomoção.
Dentro de casa, medidas simples podem reduzir os riscos: manter ambientes ventilados, evitar exposição ao sol entre 10h e 16h, oferecer água frequentemente (mesmo quando o idoso diz não sentir sede), usar roupas leves, fechar cortinas durante o pico de calor e priorizar refeições leves ao longo do dia. Para idosos que moram sozinhos, ligações frequentes ou visitas regulares podem evitar situações de emergência.
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Segundo Gabriella Taquetti, diretora da Mo’ã Residência de Vida Ativa, “é fundamental que qualquer mudança brusca de comportamento ou disposição seja vista como um alerta. O calor extremo age rápido, e o cuidado atento faz toda a diferença”, orienta.
Na Mo’ã – residência assistida para idosos em Vitória – essa proposta de cuidado vai além de orientações pontuais. A instituição oferece quartos individuais, áreas externas arborizadas, refeições nutritivas elaboradas por nutricionistas, atividades físicas e cognitivas, fisioterapia e monitoramento contínuo, buscando garantir segurança, bem-estar e qualidade de vida para seus residentes. Um tipo de estrutura que demonstra, na prática, como a combinação entre ambiente adequado e atenção especializada pode reduzir riscos e proporcionar um verão mais seguro para a população idosa.
Para além das instituições e das famílias, Gabriella reforça que a resposta precisa ser também coletiva, envolvendo o poder público e a mobilização da sociedade. “É essencial que os municípios se preparem, ampliando campanhas educativas e fortalecendo as redes de apoio. A solidariedade comunitária (vizinhos, familiares e voluntários) salva vidas e precisa ser estimulada, especialmente nos períodos mais quentes do ano”, finaliza.