Entretenimento

Humor em cena: ator Diogo Camargos apresenta duas peças no Sônia Cabral

“A última hora” é uma grande reflexão sobre como estamos levando nossas vidas.

O ator, diretor e dramaturgo mineiro Diogo Camargos desembarca em Vitória, precisamente no Sônia Cabral, para uma verdadeira imersão artística e cultural. Na sexta-feira (1), ele comanda um workshop onde vai compartilhar seus conhecimentos sobre o universo do teatro; no sábado (2), apresenta a peça “A última hora”, comédia que traz a reflexão de como estamos gastando o nosso tempo; e no domingo (2), ele sobe ao palco apresentação da comédia Big Jato, adaptada do livro de Xico Sá.

“A última hora” é uma peça performance que fala sobre o tempo. Na verdade, sobre o fim do tempo. Do nosso tempo. O espetáculo começa com um relógio em contagem regressiva de uma hora e dura exatamente o tempo do cronômetro. É uma grande reflexão sobre como estamos levando nossas vidas, como estamos buscando evoluir e melhorar como seres humanos, pois qualquer hora pode ser a nossa última. Através do protagonista, o público vê como as escolhas influenciam diretamente na saúde, no bem estar e na vida das pessoas ao redor. Estar em harmonia com o Todo é fundamental para a manutenção da vida no nosso planeta e para a vida do próprio planeta.

Na peça o público acompanha duas vezes a mesma história; na primeira vez o protagonista é uma pessoa gentil e de bem com a vida e encara tudo com leveza e bom humor, e na segunda ele é uma pessoa desagradável com todos e só enxerga o lado negativo das coisas. “Com bastante senso de humor, esta peça quer levar o público à reflexão e tentar mostrar como podemos ser melhores para nós e para os outros e que ser feliz é também uma escolha”, explica Diogo Camargos.

“De fato, o momento que estamos vivendo nos fez entrar em contato direto com a morte, com a ausência, com a finitude. E em que isso nos mudou? Não podemos dizer com certeza que estamos no final da pandemia mas, ainda assim, estamos diante de guerras, do desmatamento desenfreado da Amazônia, de morte dos que defendem o bem público, do desmantelamento da cultura, apesar da arte ter nos salvado a todos durante o período de isolamento social. Tudo isso nos faz refletir sobre o tão pouco que mudou e a pergunta que fica é: no que a pandemia nos fez evoluir?”, questiona o ator.

Conhecimento de vida

Na forma de monólogo, a peça apresenta a história de um menino que conta, através do seu olhar de criança e do seu julgamento, as histórias de seu pai, de seu tio, de sua mãe e principalmente dele mesmo, desde as primeiras viagens junto ao pai na boleia do caminhão limpa fossas Big Jato, até sua fuga graças a ajuda do seu tio.

Ser fiel à obra do autor e ao local em que se passa a história é imprescindível para todos que estão envolvidos no projeto, tanto no cenário do espetáculo, como no figurino e na iluminação, trazendo o espectador ao Cariri dos anos 70, à boleia de um caminhão Fenemê, ao olhar de um menino que ao crescer vai mostrando também o mundo do seu pai, o seu ídolo, que dirige um caminhão limpa fossas e lhe passa todo o seu conhecimento da vida.

“Nosso intuito, com este projeto, não é só trazer a obra de Xico Sá a todos os lugares junto do universo dele e do sertão do Ceará nos anos 70, mas também trabalhar dentro da nossa proposta inicial, que é adaptar a literatura para o teatro de maneira lúdica e criativa, mas principalmente fiel ao autor, à sua obra, ao seu texto”, explica Diogo Camargos. A renomada Morgana Kretzmann assina a direção da montagem.

Comédia em tudo

Segundo Diogo, as pessoas costumam falar que o teatro que ele faz as leva à reflexão. “Eu acho que o teatro tem esse lugar também, por isso escolho temas que são universais. Mas como a minha vida é repleta de humor, eu vejo comédia em tudo e isso se reflete nos meus trabalhos. Eu gosto de comédia, eu faço comédia, eu amo ver as pessoas rindo no teatro e elas riem muito. Mas sempre sobra no final aquele pensamento que fica na nossa cabeça sobre o tema tratado e isso eu acho maravilhoso”.

A passagem de Diogo Camargos por Vitória tem produção de José Celso Cavalieri.

Leia também