Cultura

História Reescrita: Exposição Resgata o Legado do Donatário Vasco Fernandes Coutinho

Mostra “O Vasco do Espírito Santo” celebra os 490 anos da cidade com esculturas, pinturas e narrativas que reabilitam a memória do fundador da Capitania

A história do Espírito Santo está ganhando novos contornos com a exposição “O Vasco do Espírito Santo”, que será inaugurada no próximo dia 13 de maio às 9h da manhã, na Casa da Memória da Prainha. A mostra, organizada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Vila Velha (IHGVV), celebra os 490 anos da fundação da cidade — a terceira mais antiga do Brasil — com o objetivo de resgatar e revalorizar a trajetória de Vasco Fernandes Coutinho, donatário da Capitania do Espírito Santo.

Durante séculos, Vasco Coutinho foi retratado como um personagem trágico, supostamente morto na miséria e no esquecimento. No entanto, a nova exposição contesta essa narrativa, apresentando um fidalgo que não apenas consolidou a presença portuguesa no litoral capixaba, mas também manteve sua capitania sob o domínio da família Coutinho por 140 anos — um feito singular entre os donatários brasileiros.

“A história precisa ser contada com base em documentos, não em versões repetidas à exaustão”, afirma Luiz Paulo Rangel, presidente do IHGVV. “Vasco Fernandes Coutinho não foi um fracassado, mas um líder visionário, que fundou uma capitania que resistiu ao tempo, às invasões estrangeiras e manteve sua identidade até se tornar o atual Estado do Espírito Santo.”

A exposição traz como destaque três esculturas em bronze em tamanho real, representando as etnias que formaram a identidade capixaba: indígenas, africanos e europeus. As obras são do premiado escultor Nilson Camizão, conhecido internacionalmente por retratar com sensibilidade a diversidade brasileira.

Além das esculturas, a mostra contará com pinturas históricas dos artistas capixabas Roger Di Araujo e Guilherme Merçon. Os visitantes também poderão ver os depoimentos escritos em lindos banners de figuras marcantes da cultura nacional, como a escritora Conceição Evaristo, o líder indígena Ailton Krenak e o professor e historiador Francisco Aurélio Ribeiro, autor do recém-lançado livro Personagens e Fatos Históricos Capixabas.

“Queremos que os capixabas — e os brasileiros — conheçam e se orgulhem da sua história. Esta exposição é mais que uma homenagem; é um convite à reflexão sobre como narrativas mal construídas podem distorcer o passado e apagar legados importantes”, destaca Rangel.

Visitação gratuita

A exposição integra a programação oficial do aniversário de Vila Velha, comemorado em 23 de maio, e conta com o apoio da Lei Paulo Gustavo, Funcultura, SecultES e da Prefeitura Municipal de Vila Velha. A visitação é gratuita e aberta ao público.

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