Criança perde visão após ser contaminada com herpes labial: oftalmologista explica o que aconteceu
Criança de 2 anos perde visão após beijo de pessoa com herpes labial
O menino desenvolveu uma ferida aberta na córnea, com a lesão medindo 4 mm. Criança passa por cirurgias para salvar o olho.
Nesta semana, o caso de um menino de dois anos que perdeu a visão de um olho após ser beijado por uma pessoa com herpes labial viralizou nas redes sociais. A mãe de Juwan, residente na Namíbia, compartilhou um vídeo tocante para alertar sobre os perigos de beijar as crianças, após o garoto ter contraído uma grave infecção ocular.
O pequeno Juwan enfrentou uma série de complicações após ser contaminado pelo vírus, o que quase resultou na perda total da visão do seu olho esquerdo. Há sete meses, a família iniciou um longo processo de tratamento, que incluiu uma complexa operação ocular na tentativa de salvar o órgão. Apesar de todo o esforço médico, os danos ainda são profundos e a recuperação total está longe de ser garantida.
A oftalmopediatra Isabel Gazele, especialista do Hospital de Olhos Vitória, explica que o herpes labial é uma infecção altamente contagiosa, transmitida principalmente pela saliva, pelo contato direto com a pele ou através de objetos contaminados. “No caso de Juwan, o vírus se instalou nos olhos, causando uma lesão na córnea. A ferida provocou perda de sensibilidade e visão, e, devido à falta de lubrificação, a lesão se agravou, resultando em infecções constantes. A cirurgia realizada tenta, agora, reverter os danos, mas existe a possibilidade de ser necessário um transplante de córnea”, esclarece a oftalmopediatra.
A especialista também detalha que o herpes ocular é mais comum em crianças, devido à fragilidade do sistema imunológico nesta faixa etária. “O vírus que causa o herpes ocular é, geralmente, o herpes simplex tipo 1 (HSV-1), mas em alguns casos também pode ser o varicela-zóster. A infecção pode afetar várias partes do olho, como a córnea, a conjuntiva e até a íris”, explica Isabel Gazele.
Sintomas e complicações do herpes ocular
O herpes ocular pode ter sintomas discretos nos primeiros estágios, mas tende a evoluir rapidamente, aumentando o risco de cegueira se não tratado adequadamente. “Nos primeiros momentos, os sinais podem ser sutis, como sensação de ardência, desconforto nos olhos, sensibilidade à luz, lacrimejamento excessivo e inchaço. Essas manifestações podem ser facilmente ignoradas, mas, sem tratamento, as complicações aumentam, resultando em danos permanentes à visão”, alerta a oftalmologista.
O diagnóstico precoce é fundamental para um tratamento eficaz, que pode incluir medicamentos antivirais, tanto orais quanto tópicos, dependendo da gravidade da infecção. “O objetivo é controlar a infecção, aliviar a dor e evitar complicações mais graves, como a perda total da visão”, enfatiza Isabel Gazele.
Riscos e cuidados contínuos
Embora o herpes ocular seja tratável, ele é considerado uma condição grave que exige atenção imediata. A doença pode ter episódios recorrentes ao longo da vida, com o vírus permanecendo dormente no corpo da criança e podendo ser reativado em momentos de estresse ou quando o sistema imunológico estiver enfraquecido.
“A infecção pode deixar cicatrizes permanentes na córnea, o que resulta em visão turva ou outros problemas oculares duradouros”, alerta o médico. Ele também destaca que os pais precisam estar atentos a qualquer sinal de alteração ocular em seus filhos. “Detectar precocemente e iniciar o tratamento adequado é essencial para proteger a saúde ocular da criança e evitar sequelas graves a longo prazo.”
A mãe de Juwan, com o intuito de alertar outros pais, conclui o seu vídeo com uma mensagem de conscientização: “Beijar crianças, especialmente aquelas com menos de dois anos, pode ser perigoso. O herpes labial pode ser mais devastador do que imaginamos.”
A história de Juwan é um lembrete importante sobre os riscos invisíveis que podem estar presentes em gestos aparentemente inofensivos. Pais e responsáveis devem se manter informados e vigilantes sobre os sinais de doenças virais e buscar assistência médica o quanto antes para garantir a saúde e o bem-estar das crianças.
