Agosto é o mês do Folclore Nacional, comemorado no dia 22. De origem inglesa “folklore”, significa “sabedoria popular”. Uma data de alerta sobre a importância da valorização e da preservação das muitas manifestações folclóricas do país, como Mula sem Cabeça, Saci Pererê, Curupira e até o Boto Cor de Rosa, lendas muito antigas e passadas de geração em geração. Vários educadores defendem a tese, e eu concordo com eles, da importância de celebrarmos a data pela representatividade do folclore na cultura popular, tendo em vista que toda sociedade tem sua cultura, suas tradições, crenças e costumes. Afinal o folclore é o saber popular que se valoriza que se perpetua ao longo das gerações. A nossa homenagem aos grandes intelectuais folcloristas, começando por Câmara Cascudo, que muito valorizou a expressão “folclore”, pensada como ciência do povo, ciência que pudesse fornecer as bases, as camadas daquilo que nós expressamos enquanto o que nos diferencia dos outros.
Folcloristas capixabas também merecem todas as homenagens. Começamos pelo professor Hermógenes Lima Fonseca, Mestre Armojo, personagem fundamental para o conhecimento, valorização e preservação do patrimônio imaterial capixaba, um pensador popular fora da academia, e que ao lado de Guilherme Santos Neves e Renato Pacheco, a chamada “santíssima trindade do folclore capixaba”, foram responsáveis pela atenção ao folclore com muito estudo que definiram as primeiras políticas públicas para o setor. Uma data de alerta sobre a importância da valorização e da preservação das muitas manifestações folclóricas do país, como Mula sem Cabeça, Saci Pererê, Curupira e até o Boto Cor de Rosa, lendas muito antigas e passadas de geração em geração.
Pequeno em extensão territorial, o Espirito Santo é celeiro riquíssimo em tradições folclóricas, privilegiado pela sua posição geográfica, dos povo e raças que aqui se instalaram e que convivem numa grande e cordial fraternidade. Posso citar os brancos: alemães, poloneses, italianos, árabes, dentre outros. Importante lembrar que em fevereiro próximo comemoraremos 150 anos da imigração italiana no nosso estado, uma das maiores colônias italianas do país. Temos também os nossos irmãos pretos, de várias etnias, e também os povos originários. Somados a toda essa diversidade temos um grande contingente de japoneses e coreanos. E o resultado não poderia ser outro, a não ser termos um folclore amplo, rico, diverso, majestoso; em uma região de praias e montanhas, com clima para todas as tradições e povos.
É fundamental mantermos vivos os nossos mitos e lendas capixabas. Se termos como folclore e cultura forem descartados, esquecidos, as peculiaridades de uma imensa quantidade de folguedos, festas, artes, crenças e mitos, como também praticas do cotidiano acabarão sendo deixadas de lado. A gestão do prefeito Arnaldinho Borgo, em Vila Velha, tem dispensado toda a atenção no resgate e preservação do patrimônio histórico e cultural canela-verde, dando dignidade à rica cultura da 3ª Cidade mais antiga do Brasil (1535), tendo agora na Casa da Memória de Vila Velha, na Prainha, uma sala (Folclore na Vila) dedicada exclusivamente ao resgate do nosso folclore. Um projeto com vasta programação que será levada para as escolas e comunidades, fruto da consolidada parceria entre a Prefeitura Municipal e a Academia de Letras de Vila Velha, presidente poeta Horácio Xavier. Como sabemos e lembramos sempre: “Não se pode construir um futuro sem ter tido um passado. Um povo sem história é povo sem futuro. Vila Velha é o futuro presente!”
Manoel Goes Neto é escritor, curador cultural da PMVV e diretor no IHGES.