Geral

“Falha na coleta de dados sobre violência sexual no Estado compromete a proteção de crianças e jovens”, critica especialista

Os casos de crimes sexuais contra crianças e adolescentes no Brasil apresentaram um alarmante aumento de 15% em 2022, de acordo com os dados divulgados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O Espírito Santo, porém, não contribuiu com os dados sobre esse tipo de crime, isso porque a categoria não existia no sistema eletrônico que reúne os boletins de ocorrência no Estado, segundo o anuário.

A especialista em segurança pública e delegada Gracimeri Gaviorno destaca que a falta de informações específicas sobre essa problemática impede a elaboração de políticas de combate e enfrentamento dessa violência, o Espírito Santo, por exemplo, só possui uma delegacia especializada para o registro e apuração de crimes sexuais contra crianças e adolescentes.

“Não haver dados não significa que o crime não existe, é preciso enxergar essa situação e atuar de forma efetiva para proteger nossas crianças e adolescentes. Os números alarmantes revelam a urgência de medidas para combater esse cenário preocupante de violência sexual contra os mais vulneráveis”, afirma a delegada.

Gracimeri lembra que o tema exige uma abordagem séria e responsável por parte das autoridades e de toda a sociedade na busca de um ambiente seguro e protegido para as gerações do presente e do futuro.

“A mesma importância que se dá para os crimes de homicídio, nós temos que dar para os crimes contra as crianças e adolescentes. O Brasil como um todo precisa investir e tratar o problema do abuso contra crianças e adolescentes como prioridade”, destaca.

Enquanto o número total de mortes violentas intencionais envolvendo menores apresentou uma leve queda de 2,6%, os estupros tiveram um aumento de 15,3% e a exploração sexual cresceu em 16,4%.

Dos 2.489 casos de mortes violentas intencionais envolvendo crianças e adolescentes no ano passado, a maior parte foi classificada como homicídio doloso, representando 80,7% do total. A violência doméstica e intrafamiliar foi apontada como a principal causa dessas mortes. Já os estupros saltaram de 45.076 em 2021 para 51.971 em 2022, uma alta de 15,3%. A exploração sexual também aumentou, passando de 764 casos registrados em 2021 para 889 em 2022, uma elevação de 16,4%. As vítimas negras (pretas e pardas) foram a maioria em praticamente todas as idades, representando aproximadamente 59% do total na faixa etária dos 11 aos 14 anos. Se considerarmos as subnotificações, muito comuns nesses casos, as incidências são ainda mais numerosas.

A especialista listou 4 dicas para identificar possíveis vítimas de abuso infantil:

1 – Mudança de comportamento: Fique atento a sinais de comportamento incomum, como o receio de encontrar ou ficar sozinha com uma pessoa específica, alterações bruscas de humor, ou reações extremas de medo ou ansiedade em determinadas situações.

2 – Comunicação com a escola: Esteja em contato com os professores e equipe escolar para acompanhar o desempenho e comportamento da criança na escola. Mudanças significativas no rendimento acadêmico ou no relacionamento com colegas podem ser indicativos de problemas.

3 – Atenção aos adultos: Observe como a criança reage na presença de outros adultos. Se a criança demonstrar desconforto ou insegurança na companhia de certas pessoas, evite deixá-la sozinha com elas até que se sinta à vontade.

4 – Espaços seguros para diálogo: Crie ambientes acolhedores e seguros onde a criança possa se sentir confortável para falar sobre seus sentimentos, experiências e preocupações. Manter canais de comunicação abertos e sem julgamentos pode encorajar a criança a compartilhar suas experiências de forma mais confiante. Em qualquer suspeita de abuso de crianças e adolescentes, denuncie.

Leia também