O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, anunciou nesta quinta-feira (14), em Baku, no Azerbaijão, um investimento de R$ 500 milhões para financiar projetos de descarbonização e transição energética no Estado. O anúncio foi feito durante a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), onde Casagrande participou do evento “Diálogo Empresarial para uma Economia de Baixo Carbono”, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O aporte será feito por meio do Fundo Soberano do Estado e tem o objetivo de impulsionar a implementação de tecnologias e práticas sustentáveis na indústria e infraestrutura capixaba, com foco na redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). A parceria entre o Governo do Espírito Santo e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pode aumentar esse valor para até R$ 1 bilhão, com a possibilidade de aporte adicional de até R$ 500 milhões por parte do banco federal.
Em seu discurso, o governador ressaltou a importância da iniciativa: “Somos o único estado brasileiro a possuir um Fundo Soberano, e agora vamos aplicar esses recursos na transição energética. Queremos fomentar a inovação e apoiar empresas que adotam boas práticas socioambientais, ajudando a reduzir a pegada de carbono do nosso Estado”, afirmou Casagrande.
A medida está alinhada ao Plano de Descarbonização do Espírito Santo, que visa a neutralização das emissões de GEE até 2050. O plano, lançado em 2023, prevê ações e investimentos que permitirão reduzir em 27% as emissões até 2030. O novo financiamento pode representar até 20% da meta estabelecida para essa década.
O secretário estadual de Meio Ambiente, Fabrício Nascimento, destacou que o investimento do Fundo Soberano no setor de energia e indústria tem grande potencial de mitigação de emissões de carbono. “As ações previstas podem reduzir até 7,7 milhões de toneladas de CO2 até 2050. Estamos criando as condições necessárias para que o Espírito Santo se torne um polo de desenvolvimento sustentável, com uma economia mais competitiva e resiliente às mudanças climáticas”, afirmou.
O Espírito Santo tem se destacado nas finanças verdes, com iniciativas voltadas para a sustentabilidade e o uso de tecnologias limpas. Um exemplo disso é o projeto piloto realizado pelo Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), que, em parceria com a startup ECO55, realizou um diagnóstico climático da carteira de clientes, mapeando as emissões de carbono e identificando mais de 1,2 milhão de toneladas de CO2.
Marcelo Saintive, presidente do Bandes, afirmou que o projeto vai além do financiamento de projetos sustentáveis, destacando a importância do monitoramento contínuo dos resultados. “Com o Fundo Soberano, não apenas financiamos projetos de baixo carbono, mas também criamos uma estrutura sólida de acompanhamento e transparência, permitindo que as empresas capixabas transformem suas metas ambientais em ações concretas e mensuráveis”, explicou.
A descarbonização é fundamental para o combate às mudanças climáticas, pois envolve a redução das emissões de gases de efeito estufa. No Espírito Santo, a transição para fontes de energia renováveis e a adoção de tecnologias limpas no setor industrial são prioritárias. Além de contribuir para a preservação do meio ambiente, essas mudanças podem gerar economia para as empresas, reduzir custos operacionais e aumentar a competitividade dos produtos capixabas.
O Estado também aderiu, em 2021, às campanhas globais “Race to Zero” e “Race to Resilience”, que visam reduzir as emissões de GEE e aumentar a resiliência às mudanças climáticas. Casagrande ressaltou que o financiamento da transição energética é uma forma de garantir que o Espírito Santo siga cumprindo seus compromissos ambientais e, ao mesmo tempo, incentive a inovação e o desenvolvimento sustentável.
O próximo passo será o lançamento de um conjunto de projetos que serão financiados com os recursos do Fundo Soberano, com ênfase nas áreas de energia, indústria e infraestrutura. As empresas interessadas poderão se beneficiar de uma linha de crédito para implementar soluções mais eficientes em termos energéticos e de redução de carbono. Além disso, o Bandes continuará oferecendo suporte técnico e monitoramento para garantir que os objetivos de descarbonização sejam atingidos de forma eficaz.
A iniciativa coloca o Espírito Santo na vanguarda da transição para uma economia de baixo carbono no Brasil, atraindo novos investimentos e consolidando a posição do Estado como um centro de inovação e sustentabilidade.
O que é Descarbonização?
A descarbonização é o processo de reduzir ou eliminar as emissões de gases de efeito estufa, principalmente o dióxido de carbono (CO2), gerados pela queima de combustíveis fósseis. Isso inclui ações como o uso de fontes de energia renováveis, melhoria da eficiência energética e a substituição de tecnologias poluentes por alternativas mais sustentáveis. No Espírito Santo, a descarbonização está particularmente focada no setor industrial, que é um dos maiores emissores de CO2, e que, ao adotar tecnologias limpas, pode não apenas reduzir seu impacto ambiental, mas também obter vantagens econômicas.
Com informações e foto de Giovani Pagotto/Governo-ES