Gastronomia

Dose Clássica: Ouro Capixaba no Mundo

Produto capixaba em busca de mais ouro: a trajetória de persistência e sucesso da Cachaça Dose Clássica

Do descrédito à referência mundial. Conheça a história empreendedora de uma bebida tipicamente brasileira que colocou o Espírito Santo em destaque internacional.

Há 20 anos, poucos apostariam que um alambique adormecido no interior de Aracruz, norte do Espírito Santo, se tornaria referência internacional em produção artesanal de cachaça. Menos ainda que esse mesmo produto, antes desacreditado, hoje representaria o Brasil em um dos concursos de destilados mais rigorosos do mundo: o Concurso Internacional de Bruxelas.

Mas o capixaba Ralphe Ferreira Júnior, de 64 anos, transformou a teimosia em ouro. Literalmente. Criador da Cachaça Dose Clássica, ele coleciona prêmios internacionais e segue determinado a conquistar ainda mais reconhecimento para o Espírito Santo com sua bebida premiada.

A história começou ainda nos anos 1980, quando Ralphe comprou um alambique de aço inox para tentar produzir cachaça no sítio da família, em Santa Cruz, Aracruz. Sem qualquer experiência no ramo, as primeiras tentativas foram desastrosas. Jogou caldo de cana direto no destilador sem fermentação, usou fermento de pão doce, e ouviu críticas duras – até dos próprios amigos, que literalmente derramaram a bebida na sua cabeça após uma degustação mal-sucedida.

Para piorar, especialistas que visitaram a propriedade afirmaram que dali jamais sairia uma boa cachaça. Nem mesmo o pai de Ralphe incentivava a ideia. “Ele me dizia pra eu desistir e comprar a melhor cachaça do mundo pronta. Mas como todo bom filho é teimoso, eu prometi que ainda faria a minha própria”, relembra o empresário com bom humor.

Durante duas décadas, o alambique ficou parado. Até que um novo caseiro reacendeu a chama do sonho. Com ajuda, persistência e muito aprendizado, Ralphe deu início à produção artesanal que hoje sustenta uma linha com 14 tipos de cachaça. A essência? Manter a tradição e a excelência em cada etapa.

“Com a cachaça branca de qualidade, você faz qualquer outra. Pode misturar, envelhecer, combinar madeiras. Mas tem que começar com um produto base excepcional”, afirma Ralphe.

Essa obsessão pela qualidade rendeu frutos. E medalhas. Muitas. No Concurso Internacional de Bruxelas, considerado o maior do mundo em destilados, a Dose Clássica coleciona conquistas que colocam o Espírito Santo no mapa das melhores bebidas do planeta.

Entre os destaques:

  • Dose Clássica Cristal: Medalha Grand Gold em 2019 e Silver em 2017. É uma das quatro únicas cachaças com medalha dupla de ouro no Brasil.

  • Blend by Nelson Duarte: Parceria com o “embaixador da cachaça” no Brasil, leva ouro em Bruxelas com um blend sofisticado de madeiras brasileiras e estrangeiras.

  • Série Ouro e Carvalho Americano: Medalhas de prata e ouro por suas composições exclusivas e envelhecimento em barris nobres.

Este ano, Ralphe busca mais ouro com três novas apostas: Dose Clássica Castanha do Pará, Dose Clássica Amburana e a Dose Clássica .50 – uma cachaça de 50% de graduação alcoólica, mas surpreendentemente suave. As degustações ocorrerão entre os dias 7 e 11 de setembro, no México, e o resultado será anunciado em novembro.

Ralphe acredita que a qualidade está no cuidado com cada etapa. A colheita da cana, feita no próprio canavial da família, ocorre entre abril e setembro, garantindo matéria-prima fresca. A moagem ocorre em até 24 horas após o corte e a fermentação utiliza levedura nativa exclusiva, desenvolvida com apoio de laboratório em Ouro Preto (MG).

Outro diferencial: não há adição de água para reduzir o teor alcoólico da bebida – prática comum no setor. A cachaça da Dose Clássica já sai do alambique com graduação ideal (cerca de 44%), o que preserva o sabor e o aroma originais.

Além disso, a marca utiliza sistema de fogo direto, como um fogão à lenha, em vez de caldeiras, o que intensifica o controle do processo e o perfil sensorial da bebida.

As embalagens são outro ponto de destaque. Importadas da França, México e Chile, conferem sofisticação e agregam valor à bebida. Cada garrafa é pensada para harmonizar com a cachaça que carrega, refletindo o cuidado estético e a identidade artesanal do produto.

Com localização privilegiada, próxima às praias de Aracruz, o alambique da Dose Clássica tem tudo para se tornar um polo de turismo de experiência. Ralphe já planeja um espaço com restaurante, degustação guiada e visitação, reforçando o vínculo entre bebida, cultura e natureza.

A marca também já mira expansão com novas lojas no Espírito Santo e em outros estados. Hoje, além do alambique, possui pontos em Jardim Camburi e no Aeroporto de Vitória.

“Nosso foco não é quantidade, é qualidade. Quero que cada pessoa que experimente uma Dose Clássica sinta prazer e reconheça a diferença. E que essa diferença continue levando o nome do Espírito Santo para o mundo”, finaliza o empresário.

A Cachaça Dose Clássica em números

  • 14 tipos de cachaça

  • 30 mil litros produzidos por ano

  • 100% de cana-de-açúcar própria

  • Mais de 10 premiações nacionais e internacionais

  • 3 lojas: Alambique (Aracruz), Jardim Camburi e Aeroporto de Vitória

  • Parcerias com grandes nomes da cachaça, como Nelson Duarte

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