Festival-conferência de música destaca diversidade da cena independente brasileira entre os dias 27 e 30 de agosto na UFES
A efervescência da música brasileira independente vai tomar conta de Vitória entre os dias 27 e 30 de agosto com mais uma edição do Formemus, um dos principais festivais-conferência do país. O evento, que une formação, negócios e shows, acaba de anunciar os 13 artistas e projetos musicais selecionados para as apresentações showcases, que ocorrem na área externa ao lado do Teatro Universitário da UFES, com entrada gratuita para o público.
Ao todo, foram mais de 550 inscrições de todas as regiões do Brasil. A seleção final reflete um recorte vibrante da música autoral nacional: do pós-punk sergipano ao carimbó paraense, passando pelo pop tropical pantaneiro, R&B, rock e afrobeat. O lineup escolhido por uma curadoria especializada é composto por nomes que, além de se apresentar no palco, também participam de rodadas de negócios, painéis e encontros profissionais, ampliando conexões com curadores, produtores, programadores e representantes da indústria da música de todo o país.
Entre os destaques, está a multiartista ÀIYÉ, que mistura tambores afro-latinos com eletrônica e futurismo ancestral; a banda Calorosa, de Cuiabá, com seu pop pantaneiro politizado; a versátil Carla Sceno, com mais de 300 composições que transitam entre R&B e samba; e a veterana do indie nordestino Cidade Dormitório, comemorando 10 anos de estrada.
O festival também apresenta a pluralidade de projetos como a Zé Bigode Orquestra, com seu jazz afro-brasileiro carioca; o duo Vozmecê, do Centro-Oeste, que funde ritmos regionais a sonoridades sul-americanas; e a carismática paraense Thays Sodré, representante da nova geração do carimbó.
Completam a seleção: a pianista e produtora Klüber, que transita entre estéticas e afetos; a capixaba Luiza Dutra, revelação com seu MPB moderno; a banda Maré Tardia, com seu rock litorâneo; o icônico Mombojó, que homenageia Alceu Valença; o roqueiro renovado Plutão Já Foi Planeta, e o originalíssimo Sthelô, que mescla corpo, poesia e negritude em sua melancolia tropical.
Além de visibilidade artística, cada projeto recebe ajuda de custo de R$ 2.000, hospedagem para até quatro integrantes e ensaio fotográfico profissional. Os showcases, por sua vez, funcionam como vitrines potentes, onde os artistas se apresentam diante de profissionais estratégicos do mercado da música.
Mais do que um festival de shows, o Formemus se consolidou como um ecossistema de desenvolvimento da música independente, com uma programação que inclui palestras, painéis, workshops e intercâmbios profissionais, promovendo inovação, conexões e novos negócios no setor.
A realização é da MM Projetos Culturais e do Ministério da Cultura, via Lei Rouanet, com patrocínio master da Petrobras. O evento acontece no campus da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), com atividades espalhadas pelo Teatro Universitário e áreas externas.
Selecionados – Showcase Formemus 2025:
ÀIYÉ (RJ)
Projeto da baterista e produtora Larissa Conforto, que funde futurismo ancestral, curimba de Umbanda e afro-latinidades. Indicada pela APCA como um dos 50 discos do ano em 2023, já se apresentou no Primavera Sound e turnês pela Europa e América Latina.
Calorosa (MT)
De Cuiabá, a banda mistura lambadão, cururu, eletrônico e crítica social em um som dançante e ácido. Tem se apresentado em diversos festivais nacionais e representa o pop tropical pantamazônico com forte identidade regional.
Carla Sceno (MG)
Cantora e compositora de Viçosa (MG), Carla mistura R&B, samba e black music com mais de 300 composições e colaborações com nomes como BNegão e Pretinho da Serrinha. Foi destaque em festivais como Savassi Jazz e Tudo é Jazz.
Cidade Dormitório (SE)
Formada nos arredores de Aracaju, a banda explora o pós-punk, o indie e a psicodelia brasileira em letras irônicas e crônicas urbanas. Em 2024, comemora dez anos de estrada com turnê e novo álbum a caminho.
Klüber (PR)
Travesti, pianista e cantora de Curitiba, une canção popular e experimentações com forte discurso estético e político. Premiada em festivais e ativa em palcos como Se Rasgum, Morrodália e Coolritiba.
Luiza Dutra (ES)
Capixaba de Vitória, é dona de uma voz potente e presença marcante. Premiada como Melhor Intérprete e Melhor Show pela Música Capixaba, lançou em 2024 seu primeiro álbum, Meu Canto, mesclando MPB, pop e R&B.
Maré Tardia (ES)
Surf punk com pegada indie diretamente de Vila Velha (ES). A banda aposta em guitarras sujas, letras ácidas e uma estética intensa que dialoga com o punk e o rock alternativo moderno.
Mombojó (PE)
Com mais de 20 anos de carreira, a banda pernambucana é referência do indie brasileiro. Prêmios da APCA, shows em festivais como Lollapalooza e turnê internacional ao lado da Stereolab marcam sua trajetória.
Plutão Já Foi Planeta (RN)
Banda formada em Natal (RN), hoje com nova formação e sonoridade mais roqueira. Ficou conhecida nacionalmente pelo programa SuperStar e já colaborou com Liniker e Maria Gadú.
Sthelô (BA)
De Teixeira de Freitas, BA, a cantora e pesquisadora mistura synthpop, poética negra e performance crítica em um projeto que tensiona a tropicalidade e afirma o corpo negro como potência criadora.
Thays Sodré (PA)
Do Pará para o mundo, a cantora já brilhou em palcos na Inglaterra, Uruguai e Brasil com seu carimbó afetuoso e voz marcante. Lançou em 2023 seu primeiro álbum e se prepara para novo trabalho sobre a Amazônia.
Vozmecê (MS)
Duo nômade de Campo Grande, formado por Namaria e Pedro, que vive em um motorhome e propõe um som que mistura MPB, ritmos regionais brasileiros e sul-americanos com identidade pantaneira e engajamento social.
Zé Bigode Orquestra (RJ)
Big band carioca com nove integrantes que misturam afrobeat, reggae e R&B em shows energéticos e dançantes. Com dois álbuns lançados e destaque em playlists editoriais, a banda se prepara para seu terceiro disco.