Cultura

Do cinema para a internet: confira a mostra ‘Nada Me Falta’ de videografias com mulheres surdas e cegas

A mostra de videografia contemporânea ‘Nada Me Falta’ ultrapassou as barreiras das telas de cinema e agora está disponível online, no site oficial do projeto ([www.nadamefalta.com.br](http://www.nadamefalta.com.br)). Com 15 vídeos de aproximadamente dois minutos cada, a produção mescla cenas gravadas em locações externas com relatos pessoais que oferecem uma perspectiva única sobre a vida das mulheres que protagonizam as obras.

Após uma bem-sucedida estreia nos cinemas Cine Jardins e Cine Metrópolis, em Vitória, entre os meses de julho e agosto, a mostra reuniu um público diversificado, composto por estudantes de escolas públicas, familiares e amigos das artistas, além de membros da comunidade de Pessoas Com Deficiência (PCD). A exibição nas telonas foi apenas o começo; agora, o público mais amplo tem a chance de apreciar as videografias a partir de qualquer lugar com acesso à internet.

A curadoria e direção da mostra ficaram a cargo de Rejane Arruda, que selecionou, em dezembro de 2023, doze mulheres surdas e cegas para participar do projeto. O processo de criação, que envolveu uma equipe de artistas ouvintes e videntes, se estendeu por oito meses, promovendo uma rica troca de experiências e saberes.

“Esta iniciativa, que promove a interação entre mulheres cegas e surdas com artistas videntes-ouvintes, é inédita no Espírito Santo e busca inclusão através da arte. Nosso objetivo foi criar espaços de reflexão sobre subjetividade, cultura e sociedade, utilizando a estética do vídeo contemporâneo e a valiosa contribuição das artistas com seus testemunhos de vida e performances,” explica Rejane Arruda.

As filmagens ocorreram em vários pontos da Grande Vitória, como a pedreira de Maruípe, a praia da Barra do Jucu e até mesmo em um parque de diversões. Essas locações diversas não só deram um caráter visualmente interessante aos vídeos, mas também reforçaram a ideia de integração entre diferentes formas de perceber o mundo.

A mostra ‘Nada Me Falta’ é uma realização da Associação Sociedade Cultura e Arte (SOCA Brasil), em colaboração com a Cia Poéticas da Cena Contemporânea. Este projeto é o primeiro do coletivo a ser exibido em cinemas, marcando um importante passo para a SOCA Brasil, que, ao longo dos últimos cinco anos, tem sido referência em projetos artísticos inclusivos. O coletivo já realizou peças de teatro com cadeirantes e cegos, exposições de fotógrafos cegos, espetáculos musicais com cantores cegos e performances de slam com surdos.

“O nosso coletivo tem trabalhado com inclusão na arte contemporânea há cinco anos, introduzindo dezenas de pessoas com deficiência na cena cultural. Nossa missão é oferecer a essas pessoas a oportunidade de produzir, se expressar, entender linguagens artísticas e estar presentes nesses espaços,” afirma Rejane.

A realização da mostra foi possível graças ao patrocínio da Transportadora Associada de Gás TAG e ao apoio do Governo do Espírito Santo, por meio da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (Licc).

A videografia de “Nada Me Falta” debate a linguagem, dispositivos de subjetivação e a integração por meio da cultura. Em “Mão com Mão”, Ester Correia, uma mulher surda, ensina a Língua Brasileira de Sinais para Cinthya de Oliveira, mulher cega, por meio da Libras Tátil. Já “Tecla Espaço”, mostra a  importância da difusão da escrita em Braille. “Os Dedos da Nona” apresenta a cultura da música como um dos instrumentos possíveis para a transposição de barreiras linguísticas, quando a mulher cega Geovana Santos adivinha a 9ª Sinfonia de Beethoven tocada em seu corpo pela surda Leidiane Dias.

A mostra traz ainda um painel diverso de histórias de vida e identidades. Enquanto em “Meu Primeiro Grande Amor” Eusilane Lopes testemunha uma relação homoafetiva de dezesseis anos, “Calma Doido!” revela a procura de um companheiro pela mulher cega Alice Dordenoni em  sites na internet. Em “Caimento”, a cantora Maria Trancoso conta detalhes de sua relação com o cuidar-se. Cinthya de Oliveira, cega total de nascença, vive fortes emoções em uma montanha russa na videografia “Só Doidera”. O trabalho apresenta realidades e contextos diversos de vida, com marcas de identidade fortes.

 

Redes Sociais:
Nada Me Falta: Videografia de Mulheres Surdas, Cegas e Ouvintes-videntes em Interação
https://www.instagram.com/nada.me.falta/
Canal Youtube: https://www.youtube.com/@nadamefalta.videografias
SOCA Brasil (Instagram): https://www.instagram.com/socabrasil/

 

Sites:
SOCA Brasil: https://www.socabrasil.org/

Nada Me Falta:
https://www.nadamefalta.com.br/

 

MOSTRA NADA ME FALTA

LISTA DE VÍDEOS

1 – Os Dedos da Nona

2 – Tecla Espaço

3 – Mão Com Mão

4 – O Que Você Vai Ser Quando Crescer?

5 – Sopro

6 – Caimento

7 – Je M’Appelle Josefine

8 – Escutando Eduardo Costa

9 – Calma, Doido!

10 – Espelhos

11 – No Fio Da Vida

12 – Meu Primeiro Grande Amor

13 – Só Doidera

14 – Telma e Fadini

15 – Meninas

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