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Dia Internacional para Eliminação da Violência contra a Mulher: 535 dias sem feminicídios em Vitória

Quem vive o drama da violência doméstica sabe como os dias podem ser longos, incertos, marcados pela espera por dias melhores que parecem nunca chegar. No Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, celebrado nesta terça (25), Vitória registra 535 dias sem registros de feminicídio, fruto de políticas transversais que envolvem saúde, educação, assistência social, cidadania e segurança.

Enquanto a violência contra a mulher ainda faz vítimas diariamente no Brasil, a capital capixaba apresentou queda de 67% nos feminicídios no ano passado e, em 2025, não registrou nenhum caso. A última ocorrência foi em 8 de junho de 2024. Esse resultado é fruto da conjunção de políticas públicas integradas. O prefeito Lorenzo Pazolini destaca:

“Quando ampliamos as escolas de tempo integral e criamos a Casa Rosa, estávamos atendendo a uma necessidade antiga da nossa cidade. Mas o que vemos hoje vai muito além dessas ações isoladas, é a combinação de políticas de educação, assistência social, saúde, cidadania e segurança que transforma a vida das pessoas. Mulheres com proteção, crianças com educação de qualidade, famílias amparadas, isso cria esperança e reflete em uma cidade mais segura. Vitória hoje está há mais de 1 ano e 4 meses sem registros de feminicídio e tivemos uma redução histórica nos homicídios pela metade. Políticas públicas bem planejadas e integradas têm poder de mudar vidas de verdade, e é isso que estamos construindo juntos.”

Na educação, a expansão das escolas em tempo integral, de 4 unidades em 2021 para 41 em 2025, permite que crianças permaneçam mais tempo na escola e que mães possam trabalhar ou participar de cursos profissionalizantes da Secretaria de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho. Além disso, programas dessa secretaria fortalecem a autoestima das mulheres, promovem capacitação, acesso à educação pelo EJA e ajudam a romper o ciclo de violência.

Na saúde, Vitória conta com uma série de atendimentos voltados à proteção da mulher, incluindo a Casa Rosa, centro de acolhimento para mulheres e famílias vítimas de violência, que oferece suporte psicológico, médico e orientação em parceria com o Cramsv (Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência), ligado à Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos. As mulheres recebem atendimento integral, orientação para inserção no mercado de trabalho e acompanhamento psicológico, reforçando a importância de políticas que se cruzam para gerar impacto efetivo.

Antes que um feminicídio aconteça, há sinais que qualquer pessoa pode observar, não somente a mulher em situação de violência. “Muitas vezes não se resume às agressões físicas. O silêncio, o controle, as ameaças e até a violência patrimonial fazem parte de um ciclo que precisa ser interrompido com informação, apoio e proteção”, descreve a comandante da Guarda de Vitória, Dayse Barbosa.

A Guarda Civil Municipal de Vitória (GCMV) atua diariamente no enfrentamento da violência por meio de patrulhamento preventivo, monitoramento e tecnologia, como o Botão Maria da Penha. Mas reconhecer os sinais é o primeiro passo para romper o ciclo de violência.

“A violência contra a mulher vai muito além da agressão física. Ela pode ser psicológica, moral, sexual ou patrimonial. Muitas vezes, o agressor tenta isolar a vítima, controlar sua vida e enfraquecer sua autoestima. É preciso identificar esses sinais e buscar ajuda o quanto antes”, afirma Dayse Barbosa.

A comandante destaca que o combate à violência deve envolver toda a sociedade. “Não podemos colocar na conta da mulher em situação de violência toda a responsabilidade por se salvar. Precisamos prestar atenção às mulheres ao nosso redor, ligar para o 190, levá-la a Casa Rosa, ao Cramsv ou mesmo acolher a vítima. Todos precisam ajudar a proteger as mulheres”, enfatiza.

O que fazer se você for vítima de violência

1. Em caso de emergência, ligue 190.

2. Procure um local seguro, afastando-se do agressor.

3. Registre a ocorrência em uma delegacia, preferencialmente a Delegacia da Mulher.

4. Solicite medidas protetivas para afastamento do agressor.

5. Acione a rede de proteção: Cramsv e Botão Maria da Penha.

6. Guarde provas da violência: mensagens, fotos, áudios e exames médicos.

Botão Maria da Penha

Implantado em Vitória, é entregue a mulheres com medidas protetivas de urgência. Discreto e de fácil uso, envia a localização da vítima em tempo real à Central da Guarda, garantindo resposta rápida.

“É mais que tecnologia, é uma garantia de proteção. Nenhuma mulher está sozinha em Vitória. Nossa missão é proteger, apoiar e garantir que a vítima seja ouvida e amparada”, reforça Dayse Barbosa.

Efetivo capacitado

Identificar casos de violência, prestar escuta qualificada e oferecer acolhimento é uma rotina da GCMV. Todos os 421 guardas municipais receberam treinamento em “Atendimento a vulneráveis” e “Atendimento à Mulher em Situação de Violência” no Estágio de Qualificação Profissional (EQP) de 2025.

“A proximidade do efetivo com a comunidade é essencial para identificar riscos e agir preventivamente. As equipes estão capacitadas para intervir e acolher as vítimas com respeito”, afirma Dayse.

Casa Rosa

Inaugurada em outubro de 2021, a Casa Rosa já realizou cerca de 16 mil atendimentos, com equipe multidisciplinar: médicos, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e técnicos de enfermagem. O atendimento inclui escuta qualificada, avaliação de risco, acompanhamento médico e psicossocial, e orientações para inserção no mercado de trabalho.

Funcionamento: segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Contato: 3332-3290, e-mail casarosa@vitoria.es.gov.br, Rua Hermes Curry Carneiro, nº 360, Ilha de Santa Maria.

Cramsv

O Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência completa 19 anos em Vitória. Ligado à Semcid, oferece atendimento psicológico, social e jurídico. Atua em rede com políticas públicas e organizações civis, promovendo acesso a direitos e apoio integral.

O primeiro atendimento é sem agendamento na Casa do Cidadão (Av. Maruípe, 2544, Itararé), de segunda a sexta, das 8h às 17h. Contatos: 98125-0138 e 3382-5464.

Educação em tempo integral

Vitória expandiu de 4 para 41 escolas em tempo integral entre 2021 e 2025. Cada escola oferece 9 horas diárias de atividades, quatro refeições para crianças nos Cmeis e alimentação completa nas Emefs.

O currículo integrado promove desenvolvimento de múltiplas linguagens, protagonismo infantil e participação ativa. Na Educação Infantil, atende crianças de 6 meses a 5 anos, com oficinas temáticas e atividades escolhidas pelas próprias crianças. No Ensino Fundamental, atende estudantes de 6 a 14 anos, articulando BNCC com metodologias de êxito, Projeto de Vida, Protagonismo e Educação Científica.

A educação em tempo integral amplia oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento pessoal, preparando cidadãos críticos, participativos e conscientes de seu papel na sociedade.

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