Subtítulo: Criadas para controle da diabetes tipo 2, as “canetas emagrecedoras” viraram moda e vêm sendo usadas sem orientação médica, o que pode trazer sérias consequências à saúde.
As chamadas “canetas para diabetes”, medicamentos injetáveis originalmente desenvolvidos para auxiliar no controle da diabetes tipo 2, viraram um verdadeiro fenômeno nos últimos anos. Muito além da sua função original, elas ficaram conhecidas pelo potente efeito colateral: a perda de peso. A promessa de emagrecimento rápido — em alguns casos de 5, 10, até 20 quilos — transformou o medicamento em objeto de desejo de quem busca uma silhueta mais magra. Mas essa febre acende um alerta vermelho entre médicos e especialistas em saúde.
“A gente vê um uso desenfreado dessas canetas, inclusive com compra ilegal, importações de países onde a venda é mais fácil e sem receita. Isso é muito perigoso”, explica o endocrinologista. Segundo o profissional, o medicamento deve ser usado apenas com prescrição e acompanhamento médico. “Não é só aplicar e esperar emagrecer. Existe um protocolo, exames de acompanhamento, ajuste de doses. Sem isso, o risco é alto.”
O princípio ativo das canetas age imitando um hormônio natural do intestino que é liberado durante as refeições. Ele atua no sistema nervoso central gerando saciedade e também melhora a ação da insulina. Por isso, foi incorporado ao tratamento da diabetes. Com o tempo, estudos mostraram que o remédio também era eficaz na perda de peso, principalmente em pessoas com obesidade, levando à aprovação para esse uso em diversos países, incluindo o Brasil.
O endocrinologista orienta que o medicamento é, sim, uma ferramenta importante no combate à obesidade e à diabetes, mas seu uso deve ser criterioso. “O remédio pode causar hipoglicemia, desidratação, perda de massa muscular e até quadros de anorexia em pacientes que não têm indicação clínica”, alerta.
Segundo o profissional, o acompanhamento médico é fundamental porque cada paciente responde de forma diferente. “Temos que avaliar a real necessidade, os exames, o histórico clínico, e fazer ajustes graduais na dosagem. Não existe fórmula pronta.”
Com a popularidade, cresceu também o comércio clandestino dessas canetas. Muitas pessoas estão adquirindo os produtos sem receita médica, seja pela internet ou contrabandeando de países onde a regulamentação é mais branda. Além de ilegal, essa prática coloca a saúde em risco, já que não há controle sobre a procedência e conservação do medicamento.
“É uma medicação séria, que age diretamente no sistema hormonal e metabólico. O uso sem critério pode trazer danos graves e irreversíveis”, reforça.
O desejo por emagrecimento rápido não pode sobrepor o cuidado com a saúde. As canetas para diabetes têm, sim, seu lugar no tratamento de condições específicas, mas precisam ser usadas com responsabilidade, sob acompanhamento de um especialista.
Como resume o endocrinologista: “Você até pode emagrecer rápido, mas precisa pensar no futuro. Saúde não se resume à balança.”
