Saúde

Câncer de pulmão: letal, mas evitável

O câncer de pulmão é hoje um dos tumores mais letais do mundo. No Brasil, ele lidera as mortes por câncer entre homens e ocupa a segunda posição entre mulheres. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), mais de 28 mil pessoas morrem todos os anos devido à doença.

O problema é agravado pelo diagnóstico tardio: mais de 70% dos casos são identificados em fases avançadas, quando as chances de cura caem drasticamente e os tratamentos se tornam mais caros e agressivos.

O oncologista Fernando Zamprogno, da Rede Meridional, alerta que a maioria dos casos poderia ser evitada. “Cerca de 85% têm relação direta com o tabagismo. E se descoberto cedo, o câncer de pulmão pode ser tratado com sucesso”, afirma.

A campanha Agosto Branco chama atenção para a prevenção e para a importância do diagnóstico precoce. Além do cigarro tradicional, o especialista também ressalta os riscos do cigarro eletrônico, principalmente entre os jovens.

O fumo passivo, a exposição a substâncias cancerígenas no ambiente de trabalho — como amianto, radônio, arsênio, cromo e níquel — e a poluição do ar também estão entre as causas. Doenças pulmonares prévias e histórico familiar elevam o risco.

Estudos recentes mostram ainda o aumento de casos de adenocarcinoma em pessoas que nunca fumaram, especialmente mulheres. Um levantamento global publicado na revista The Lancet Respiratory Medicine aponta que mais de 80 mil novos casos anuais no mundo podem estar ligados à poluição atmosférica.

Para reduzir as mortes, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), junto à Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica (SBCT) e ao Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), passou a recomendar tomografia computadorizada anual para fumantes e ex-fumantes acima dos 50 anos.

“O rastreamento é fundamental, porque a maioria dos pacientes não apresenta sintomas no início. Quando sinais como tosse persistente, dor no peito e falta de ar surgem, a doença já costuma estar avançada”, explica Zamprogno.

A medicina tem avançado com cirurgias menos invasivas, imunoterapia e terapias-alvo personalizadas, mas o estágio da doença no diagnóstico continua sendo determinante para o sucesso do tratamento.

Para o oncologista, o combate ao tabaco — inclusive ao cigarro eletrônico — deve ser prioridade. “Se quisermos reduzir as mortes por câncer de pulmão, precisamos prevenir o tabagismo e diagnosticar a doença mais cedo. Essas são as duas estratégias mais eficazes”, reforça.

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