O ato involuntário de ranger ou apertar os dentes, pode causar desgaste nos dentes e dores se não for controlado, de acordo com a OMS
Quatro em cada dez brasileiros sofrem com bruxismo — distúrbio caracterizado pelo ato involuntário de ranger ou apertar os dentes, isso de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O problema, que pode ocorrer tanto durante o sono quanto durante a noite, tem causas diversas e, muitas vezes, passa despercebido até apresentar sinais mais evidentes, como dor ou desgaste dentário.
A dentista Catarina Riva explica que o bruxismo é, na verdade, uma manifestação de algo mais profundo. “A correria do dia a dia, excesso de trabalho e noites mal dormidas fazem com que o corpo peça ajuda através da dor, especialmente nas regiões da cabeça e pescoço. Se não tratadas, essas dores podem se intensificar e virar uma verdadeira bola de neve”, alerta.
Segundo a cirurgiã-dentista, o bruxismo é um tipo de Disfunção Temporomandibular (DTM) que se caracteriza por “movimentos involuntários bruscos e de apertamento, que acabam traumatizando os dentes, articulações e músculos da mastigação”. A especialista destaca ainda que o diagnóstico deve ser preciso e o tratamento iniciado o quanto antes. “O uso de placas miorrelaxantes pode ser indicado para proteger a arcada dentária e aliviar a sobrecarga muscular, mas o mais importante é tratar a causa do problema”, completa.
A especialista ainda reforça que fatores como estresse e ansiedade são os principais gatilhos para o distúrbio. “A pandemia, por exemplo, aumentou significativamente os casos devido ao estresse adicional que a população enfrentou”, relata. Além disso, questões como má oclusão e predisposição genética podem agravar o quadro.
Catarina Riva faz um alerta sobre os sintomas confundidos. “Dores nas têmporas, entre o final das sobrancelhas e o ouvido, são comuns em pacientes com DTM. E em muitos casos, a dor é confundida com dor de dente, podendo levar até a extrações desnecessárias quando o diagnóstico não é feito corretamente”, afirma.
A mensagem da especialista é clara: o bruxismo não é apenas uma questão dentária, mas envolve aspectos emocionais e físicos do paciente. O tratamento precoce é essencial para preservar a saúde bucal e a qualidade de vida.
