Mudança no cenário é resultado da reconstrução do SUS e do lançamento do Movimento Nacional pela Vacinação, em 2023, que reverteu tendência de queda
Nos últimos dois anos, o Brasil registrou um aumento expressivo no número de municípios que superaram a meta de 95% de cobertura vacinal infantil. Esse avanço, refletido principalmente na imunização contra doenças como sarampo e poliomielite, é um dos resultados da reconstrução do Sistema Único de Saúde (SUS), da revitalização da cultura de vacinação e da confiança nas vacinas, que foi impulsionada pelo lançamento do Movimento Nacional pela Vacinação, em 2023. O movimento teve como objetivo reverter a queda na adesão às vacinas, um fenômeno que preocupava especialistas.
“Ao fortalecer o sistema de saúde e investir na atenção primária, conseguimos criar as condições para que a vacina chegue a todos. O Movimento Nacional pela Vacinação foi um marco e, com o apoio de parceiros nacionais e internacionais, hoje estamos vendo os resultados desse trabalho”, afirmou a ministra da Saúde, Nísia Trindade.
O sucesso dessa ação pode ser visto nos números: em 2024, 2.408 municípios brasileiros atingiram a meta de imunização da segunda dose da vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Esse resultado representa um aumento de mais de 180% em relação aos 855 municípios que haviam atingido a meta em 2022. A primeira dose da tríplice viral também apresentou resultados positivos, com 3.870 cidades alcançando a cobertura em 2024, um aumento de 55,7% em relação a 2022.
Além disso, a vacina oral contra a poliomielite (VOP) também teve um avanço significativo. Em 2024, 2.825 municípios atingiram a meta para essa imunização, um aumento de quase 93% em relação a 2022. Para fortalecer ainda mais a proteção, o Ministério da Saúde iniciou a substituição da VOP, conhecida como “gotinha”, pela vacina inativada polio (VIP), que é administrada por injeção e tem como objetivo tornar o esquema vacinal mais seguro.
Em 2023, o Ministério da Saúde também deu um passo importante ao garantir a distribuição de 100% das doses solicitadas pelos estados, assegurando que todas as vacinas do calendário básico estivessem com estoques abastecidos. No total, mais de 604 milhões de doses foram distribuídas entre 2023 e 2024. Embora tenha ocorrido escassez de matéria-prima para vacinas como varicela e tetraviral, que causaram dificuldades temporárias no fornecimento global, a pasta garantiu um estoque estratégico para atender situações de surto, assegurando mais de 1,7 milhão de doses da vacina varicela em 2024.
Edder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunizações, explicou que o país conseguiu superar desafios relacionados ao fornecimento, especialmente no caso da vacina varicela. “Hoje, contamos com três fornecedores para garantir a normalização do abastecimento ao longo de 2025”, afirmou.
Uma das iniciativas mais destacadas foi a retirada do sigilo dos estoques e dos descartes de vacinas. Em 2023, mais de 12,3 milhões de doses de vacinas que seriam desperdiçadas foram utilizadas, evitando um prejuízo de quase R$ 252 milhões. Para 2024, o Ministério da Saúde anunciou um orçamento de mais de R$ 7 bilhões para o Plano de Vacina de 2025, com a previsão de compra de ao menos 260 milhões de doses, garantindo que o Brasil continue com os estoques abastecidos para atender toda a população.
