A atividade física é reconhecida mundialmente por seus benefícios ao corpo, mas seu impacto vai além da estética ou da melhora da disposição. Ela é uma ferramenta poderosa no combate à depressão, no fortalecimento do sistema imunológico e até na recuperação de doenças graves como o câncer. No contexto de uma sociedade cada vez mais preocupada com a saúde física e mental, especialistas têm ressaltado a importância do exercício não apenas como prevenção, mas também como parte fundamental do tratamento de várias condições, incluindo distúrbios psicológicos e doenças crônicas.
A depressão é uma das condições mais prevalentes no mundo, afetando milhões de pessoas, com sintomas que incluem tristeza profunda, falta de interesse nas atividades diárias, alterações no sono e no apetite. Nesses casos, a prática de exercícios físicos tem se mostrado eficaz na redução dos sintomas. A psicóloga clinica Luciene Costa, explica que o exercício pode melhorar significativamente o estado emocional e psicológico dos indivíduos. “Estudos comprovam que a atividade física contribui diretamente para a redução dos sintomas depressivos. Ela impacta positivamente a qualidade do sono, o apetite e a autoestima, além de promover uma sensação geral de bem-estar”, explica Luciene.
Quando se exercitam, as pessoas liberam neurotransmissores como serotonina, endorfina e dopamina, que são responsáveis pela sensação de prazer e felicidade. Esses hormônios ajudam a reduzir o estresse e a ansiedade, condições frequentemente associadas à depressão. “O exercício diminui os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, e aumenta a produção das endorfinas, proporcionando uma sensação de prazer e melhorando o humor de forma natural”, complementa a psicóloga.
Além disso, a prática regular de atividades físicas também é crucial para melhorar o sono. A insônia é um sintoma comum em pessoas com depressão, agravando o quadro de cansaço e desânimo. “O exercício ajuda a regular o ciclo do sono, promovendo um descanso mais profundo e reparador. Além disso, contribui para a saúde mental, ajudando a reduzir o risco de depressão, ansiedade e estresse, condições cada vez mais comuns na sociedade moderna”, explica Luciene.
A atividade física também tem se mostrado vital no processo de recuperação de doenças graves, como o câncer. Nayana de Oliveira Souza, farmacêutica-bioquímica de 37 anos, é um exemplo de como o condicionamento físico pode influenciar positivamente o tratamento e a recuperação. Em 2022, ela foi diagnosticada com câncer de mama aos 35 anos. Mesmo enfrentando um tumor agressivo, Nayana manteve sua rotina de atividades físicas durante o tratamento, que incluiu cirurgia, quimioterapia e radioterapia.
“Durante todo o processo, não só a atividade física me ajudou a manter o corpo mais forte, mas também contribuiu para o meu equilíbrio emocional”, conta Nayana. “O exercício físico fez com que eu conseguisse lidar com os efeitos colaterais da quimioterapia de maneira mais eficiente. A recuperação foi mais rápida, e eu me senti mais disposta para enfrentar o tratamento”, afirma. Para ela, a prática de atividades físicas não apenas melhorou sua saúde física, mas também auxiliou no controle de sintomas como a fadiga e a perda de apetite, comuns durante a quimioterapia.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que adultos realizem, pelo menos, 150 minutos de atividade física por semana. No entanto, dados preocupantes mostram que mais de 20% da população adulta mundial e 80% dos adolescentes não atingem essa meta. Para quem enfrenta condições como o câncer ou a depressão, a prática de exercícios deve ser adaptada às limitações do corpo.
A educadora física Catiane Almeida, sócia-proprietária da Soulfit Studio Boutique, orienta que, para aqueles em recuperação de doenças graves, como o câncer, é essencial começar devagar. “Atividades mais leves, como caminhadas e alongamentos, podem ser ótimos pontos de partida”, recomenda. Ela também enfatiza a importância do acompanhamento profissional para garantir a segurança durante a prática. “É fundamental consultar um médico ou fisioterapeuta antes de iniciar qualquer programa de exercício mais intenso, especialmente em casos de doenças graves.”
Os benefícios da atividade física vão além da recuperação de doenças específicas. Ela é um fator decisivo na prevenção de doenças crônicas, como as cardíacas, e na melhoria da qualidade de vida em geral.
Para quem enfrenta uma doença grave como o câncer, a atividade física tem um papel crucial no fortalecimento do sistema imunológico, ajudando o corpo a lidar com os efeitos do tratamento e acelerando a recuperação. Para a psicóloga Luciene Costa, o exercício não é apenas uma recomendação, mas uma ferramenta necessária para a saúde mental e física: “A atividade física ajuda as pessoas a manterem o controle sobre o próprio corpo e a enfrentar adversidades de maneira mais positiva e confiante.”