Fundações empresariais em permanente evolução para contribuir com o desenvolvimento social
No último quarto de século, testemunhamos uma relevante transformação na filantropia empresarial e no cenário do investimento social privado no Brasil. Esse movimento refletiu uma adaptação às novas demandas sociais e também um engajamento crescente na promoção do desenvolvimento sustentável e no fortalecimento da sociedade civil.
Com a consolidação da democratização do país, muitas fundações empresariais surgem como entidades filantrópicas alinhadas à agenda pública, concentradas principalmente na articulação e coordenação de ações sociais voltadas ao engajamento da comunidade interna e externa às operações da empresa.
No entanto, mais recentemente, a crescente conscientização sobre a importância de ações estruturadas e de longo prazo levou essas instituições a redefinirem seus objetivos. Elas passaram a abraçar um papel cada vez mais estratégico e propositivo, conectando suas iniciativas aos desafios e oportunidades de desenvolvimento do país.
Essa evolução foi impulsionada por uma série de fatores, incluindo o próprio crescimento da responsabilidade social corporativa. As fundações começam a adotar práticas de governança mais robustas, a desenvolver parcerias estratégicas em nível nacional e internacional e a entender o impacto local de suas iniciativas sob a ampla ótica da Agenda 2023 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (https://brasil.un.org/pt-br/
Esse movimento, acompanhado da profissionalização do setor e de maior transparência sobre seus resultados, aumentou a credibilidade dessas instituições e fortaleceu a confiança da sociedade civil em suas ações. A mobilização do mundo corporativo em torno das práticas de responsabilidade ASG (Ambiente, Social e Governança) e, ainda, o próprio fortalecimento da sociedade civil, reitera a legitimidade da atuação das Fundações e Institutos, elevando seu nível de contribuição com uma perspectiva cada vez mais abrangente de desenvolvimento sócio-econômico-ambiental sustentável.
A evolução do papel das fundações empresariais no investimento social privado, seja familiar, seja corporativo, reflete, portanto, uma compreensão aprofundada de que a filantropia deve ser vista como um investimento estratégico na construção do futuro da sociedade. E a elas, é preciso resiliência e inovação, ajustando suas estratégias para atender às novas demandas e desafios. Esse novo paradigma valoriza a sustentabilidade do crescimento, a inclusão e a geração de impacto positivo a médio e longo prazo.
Criada em 1999, em Vitória, no Espírito Santo, a Fundação Otacílio Coser é testemunha e protagonista desse processo. No marco de seus 25 anos, a organização ousou avaliar, inovar e repensar seu propósito para manter-se relevante e empenhada na concreta perspectiva de uma sociedade forte e coesa, capaz de atuar de forma intersetorial na geração de conexões e oportunidades para as juventudes em situação de vulnerabilidade social. Com iniciativas para estimular a conclusão do ensino médio e um começo de vida profissional no setor formal, o horizonte é contribuir para a superação de processos crônicos de exclusão social, sempre inspiradas pelo compromisso de promover a inclusão e o desenvolvimento do Brasil.
Bernadette Coser de Orem é presidente do Conselho Curador da Fundação Otacílio Coser.