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Alienação parental: lei polêmica corre risco de mudar

Há 14 anos, o Brasil implementou a lei da Alienação Parental, visando prevenir potenciais abusos emocionais contra crianças e adolescentes causados pelos seus genitores. Contudo, a aplicação dessa norma tem gerado debates e contestações por parte de diversos setores, com pedidos de mudança na legislação.

Um estudo sobre a Escala de Alienação Parental (EAP) revelou uma disparidade nas acusações de alienação parental entre homens e mulheres. Os resultados do estudo indicam que em 66% dos casos analisados, as mulheres foram as acusadas de praticar alienação parental, enquanto apenas 17% dos casos envolveram acusações contra os homens. Além disso, as acusações dirigidas aos homens foram mais frequentemente consideradas infundadas.

Um dos trechos prevê que é exemplo de alienação parental apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares, para dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente. Como forma de autodefesa, homens denunciados por violência, especialmente doméstica, tentam desqualificar as mulheres em sua condição materna, alegando alienação parental.

O Partido Socialista Brasileiro (PSB), por exemplo, lançou uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando partes específicas da lei. Agora, a Suprema Corte se prepara para julga-la.  Essa não é primeira vez que lei é questionada com pedido de alteração pela sua má aplicação. A Organização das Nações Unidas (ONU), o Ministério Público Federal (MPF), o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o Conselho Nacional de Saúde e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), além de outros especialistas e parlamentares já apresentaram contestações.

Flávia Brandão, presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família no Espírito Santo, destaca a importância da interpretação precisa da legislação diante dos sérios problemas relacionados ao uso inadequado da Lei de Alienação Parental contra as mulheres. “É crucial compreender a lei para desmascarar estratégias que buscam desacreditar denúncias legítimas de violência, assegurando que a legislação desempenhe seu papel na proteção de crianças e adolescentes. Isso deve ser feito sem permitir interpretações distorcidas que possam prejudicar as vítimas em situações tão delicadas”, comenta a advogada.

Diante das críticas e contestações, Flávia enfatiza a importância da lei na proteção exclusiva das crianças e adolescentes, como sujeitos de direitos, quando vítimas de seus próprios genitores. “Há pessoas que não entendem a importância da lei, tentando descaracterizá-la. É importante que essa lei não seja revogada, pois ela atende unicamente a crianças e adolescentes, como sujeitos de direitos, quando vítimas de seus próprios genitores”, afirma.

A especialista destaca a necessidade de capacitação para todos que lidam com a legislação e ressalta que a lei não visa atingir os genitores, mas sim proteger as crianças e adolescentes. “Sem a proteção legal, as crianças voltam a ser subjugadas pelo ódio dos genitores, uns contra os outros. A paralisação de falsas denúncias é um exemplo claro da importância da capacitação de profissionais para lidar com a legislação de maneira correta”, ressalta.

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