Saúde

Dia Mundial do Ceratocone reforça importância do diagnóstico precoce

No dia 10 de novembro celebra-se o Dia Mundial do Ceratocone, uma campanha global para aumentar a conscientização e a educação sobre esta condição. O oftalmologista Eduardo Moulin, especialista em córnea do Centro Capixaba de Olhos (CCOlhos), explica que nos nossos olhos temos uma lente transparente chamada córnea e o ceratocone é uma alteração do formato e da espessura da córnea, assumindo uma forma cônica. “Esta deformação compromete negativamente a função visual e a qualidade óptica dos pacientes”.

Estima-se que a enfermidade ocorra em cerca de 50 a 200 em cada 100.000 pessoas na população em geral e seja encontrado em todas as partes do mundo e em todos os grupos étnicos.

No Brasil, cerca de 150 mil pessoas por ano são acometidas, o que enfatiza a importância da consulta periódica com um médico oftalmologista, sobretudo se existirem casos na família. O diagnóstico precoce é fundamental para controlar a progressão da doença e preservar a acuidade visual.

O ceratocone costuma se manifestar na adolescência ou no início da vida adulta, podendo progredir nesse período e se estabilizar com o passar dos anos. “É rara a progressão em idades mais avançadas, pois a córnea tende a enrijecer naturalmente com a ação dos raios ultravioletas do sol, estabilizando-se entre os 35 e 40 anos. Já nos casos em que a doença surge na infância, a evolução costuma ser mais rápida e agressiva, exigindo intervenção médica precoce”, explica o médico.

Causas

O especialista destaca que a causa da doença é multifatorial, e pode estar ligada a fatores genéticos, ambientais e comportamentais. “Entre os fatores de risco estão histórico familiar, síndrome de Down e o hábito de dormir de bruços com os olhos pressionados contra o travesseiro”, frisa Moulin.
Entre outros fatores de risco estão alergias oculares, histórico familiar, síndrome de Down e o hábito de dormir de bruços com os olhos pressionados contra o travesseiro.

Segundo a oftalmologista Liliana Nóbrega, um dos principais hábitos que agravam o quadro é esfregar os olhos. “A alergia ocular gera o hábito de coçar os olhos com frequência, o que resulta na deformação da córnea”, explica.

Sintomas

Os sintomas mais comuns incluem visão embaçada ou distorcida, aumento do astigmatismo e da miopia, sensibilidade à luz e piora da nitidez visual. Segundo o Dr. Moulin, o avanço de técnicas modernas como a tomografia de córnea tem permitido diagnósticos cada vez mais precoces, reduzindo o risco de agravamento da doença.

Prevenção e Tratamento
Embora não haja cura definitiva para o ceratocone, há diversos tratamentos que estabilizam a progressão da doença e reabilitam a visão. As medidas incluem o controle de alergias oculares e do olho seco, a redução do uso excessivo de telas e a evitar traumas oculares, além do acompanhamento regular com o oftalmologista.

Um dos procedimentos mais eficazes é o crosslinking (CXL), técnica comprovada cientificamente que aumenta a rigidez da córnea por meio da aplicação de luz ultravioleta (UV-A) associada à riboflavina (vitamina B2).

A reabilitação visual também desempenha papel essencial e pode ser feita com óculos, lentes de contato especiais, implante de anel intraestromal (cirurgia que corrige deformidades da córnea) ou, em casos mais graves, transplante de córnea, cuja durabilidade média é de cerca de 20 anos.

E a adaptação de lentes de contato, principalmente as com desenhos específicos para ceratocone, são essenciais para muitos pacientes. “Elas criam uma superfície óptica mais regular melhorando a quantidade e a qualidade da visão. Existem lentes de contato para todos os tipos de ceratocone e o médico oftalmologista é o profissional responsável por selecionar a lente mais adequada para cada paciente”, orienta Moulin.

Já o Transplante de Córneas geralmente reservado para casos mais avançados, quando há dano irreversível ou perda da transparência da córnea. “Nesses casos pode ser realizado o transplante lamelar profundo (DALK) ou penetrante. O transplante penetrante total dura em torno de 20 anos e não é uma cirurgia para a vida toda. Devido aos avanços das outras técnicas, o transplante se torna menos indicado a cada dia, mas isso depende do diagnóstico precoce e estabilização da doença,” alerta o especialista.

E acrescenta: “cada paciente é único, por isso o diagnóstico médico é fundamental para definir o tratamento mais adequado”, ressalta o Dr. Moulin. “Os procedimentos podem ser combinados, com técnicas cirúrgicas e lentes especiais, e o acompanhamento regular é indispensável para manter a saúde ocular.”

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