Sobretaxa dos EUA derruba exportações de rochas capixabas em 30% e acende alerta no setor
As exportações de rochas ornamentais do Espírito Santo para os Estados Unidos sofreram forte retração após a sobretaxa de 50% imposta no dia 6 de agosto pelo governo norte-americano sobre cerca de 3.200 produtos brasileiros. Em apenas um mês, uma empresa de Cachoeiro de Itapemirim registrou queda de 30% nas vendas externas.
O mármore foi o produto mais afetado, acumulando redução de 65% nas exportações para os EUA em 2025. Já o quartzito começa a retomar lentamente as negociações, mas ainda sem perspectiva de estabilidade. A medida atinge 305 empresas capixabas e coloca em risco cerca de 3.500 empregos diretos.
O cenário preocupa porque os Estados Unidos são o principal destino do mármore e granito produzidos em Cachoeiro e região. Empresários relatam dificuldades para manter a operação e já falam em férias coletivas ou até no fechamento de negócios.
Agosto também marcou o oitavo mês seguido em que o Brasil importou mais do que exportou para os norte-americanos, registrando o pior saldo do ano: déficit de US$ 1,23 bilhão. Entre janeiro e agosto, o rombo já é 370% maior que no mesmo período do ano passado.
O governo federal anunciou linha de crédito de R$ 30 bilhões para empresas afetadas, condicionada à manutenção dos empregos. O governo do Espírito Santo também autorizou a transferência de créditos acumulados de exportações. Apesar disso, empresários avaliam que as soluções são temporárias e não garantem fôlego suficiente diante da indefinição sobre as negociações comerciais.
O agronegócio capixaba também sente os efeitos da sobretaxa. Exportadores de pimenta-do-reino do norte do estado já procuram novos mercados, como África e China, após a queda de 12% no preço do produto. Sem o suporte do mercado norte-americano, cresce o risco de cargas serem desvalorizadas ou até abandonadas no destino final.
Enquanto não há perspectiva de acordo entre Brasil e Estados Unidos, especialistas defendem a busca de novos destinos para reduzir a dependência das exportações capixabas ao mercado norte-americano.